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China quer que professores voltem às salas de aula

Centenas de acadêmicos experientes estão abandonando posições lucrativas nos conselhos de empresas chinesas


	China: o Ministério de Educação ameaçou tomar medidas disciplinares contra os acadêmicos com graus mais altos que não informarem seus cargos corporativos
 (Feng Li/Getty Images)

China: o Ministério de Educação ameaçou tomar medidas disciplinares contra os acadêmicos com graus mais altos que não informarem seus cargos corporativos (Feng Li/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2016 às 20h10.

Centenas de acadêmicos experientes estão abandonando posições lucrativas nos conselhos de empresas chinesas, pois a proibição de que altos funcionários do governo ocupem cargos corporativos pagos está chegando ao setor da educação.

Até recentemente, professores de universidades estatais achavam que estavam isentos de uma proibição implementada em 2013 de que funcionários do alto escalão do governo e membros do Partido Comunista tenham trabalhos em empresas, uma restrição iniciada como parte da luta do país contra a corrupção.

A situação mudou em novembro, quando o Ministério de Educação ameaçou tomar medidas disciplinares contra os acadêmicos com graus mais altos que não informarem seus cargos corporativos.

Desde então, pelo menos uma dúzia de empresas chinesas de capital aberto anunciaram a renúncia de acadêmicos que atuavam como diretores independentes, o que gerou preocupações sobre como as corporações vão preencher o vazio criado pela saída deles. Em um período de quatro semanas, 274 acadêmicos pediram demissão, informou a Rádio Nacional da China, emissora oficial, no dia 22 de dezembro. Pelo menos duas empresas – Huatai Securities Co. e Fawer Automotive Parts Co. – citaram a proibição como motivo da saída recente de diretores.

“Essa proibição poderia restringir a oferta dos melhores acadêmicos como diretores independentes”, disse Gary Liu, vice-diretor do CEIBS Lujiazui Institute of International Finance em Xangai. Muitos dos “melhores acadêmicos da China também costumam ocupar posições de liderança nas universidades em que trabalham”, disse ele.

A proibição a ter empregos corporativos, imposta em 2013, gerou oportunidades para muitos acadêmicos que passaram a preencher as vagas criadas quando funcionários do governo saíram das diretorias no setor privado. Cerca de um terço dos quase 9.000 diretores independentes contratados por empresas de capital aberto na China são ou foram professores das universidades locais, informou Legal Weekly no dia 15 de dezembro, citando dados da Wind, fornecedora chinesa de dados financeiros.

‘Verdadeiros profissionais’

Apesar de que a repressão provavelmente vai causar uma escassez temporária de diretores, as empresas poderão recorrer a candidatos como advogados e contadores para preencher essa lacuna, de acordo com Zhu Lijia, professor na Academia Chinesa de Governança, em Pequim.

As empresas também poderiam contratar acadêmicos juniores, que não estão submetidos à proibição porque não ocupam cargos de liderança em suas universidades, disse Liu, do CEIBS, uma faculdade de Administração criada pela Shanghai Jiao Tong University e pela European Foudantion for Management Development. Liu é diretor independente da Centre Testing International Group Co., uma empresa de Shenzhen que fornece testes e serviços de inspeção para bens industriais e de consumo.

Saída de diretores

Três acadêmicos pediram demissão da Huatai Securities no mês passado, e o número de diretores independentes caiu para menos de um terço do total de membros do conselho conforme exigido pela lei corporativa da China, divulgou a empresa no dia 21 de dezembro. No entanto, a corretora disse que os diretores que saíram vão continuar trabalhando enquanto não forem encontrados substitutos.

Os três diretores renunciaram para cumprir uma exigência do Ministério da Educação sobre a “inspeção da situação de funcionários do governo e membros do partido com empregos corporativos de tempo parcial”, disse a Huatai, em um comunicado enviado por e-mail à Bloomberg no dia 21 de dezembro

Violações à regra

A maioria das universidades da China são controladas pelo Estado. No dia 3 de novembro, o Ministério ordenou que reitores, vice-reitores e gestores de nível médio e superior informassem seus empregos de tempo parcial, dizendo que aqueles que não o fizessem em tempo hábil ou de forma precisa seriam punidos com base na gravidade das violações.

O Ministério não respondeu a pedidos de comentários sobre esta medida. Cerca de um mês depois, publicou outro comunicado, que identifica os casos em que as regras do Partido Comunista tinham sido violadas. Um deles envolvia dois acadêmicos que recebiam, cada um, mais de 1 milhão de yuan (US$ 154.000) de várias diretorias corporativas. O pagamento extra foi confiscado dos dois indivíduos; um deles foi demitido, o outro foi rebaixado.

Os salários de diretores dão uma ideia de por que os acadêmicos aceitaram posições no mundo corporativo. Um milhão de yuan é mais de oito vezes a média de 121.681 yuan do salário de um professor em Pequim em 2010, de acordo com os números em um relatório publicado no site da agência de notícias Xinhua, em setembro de 2014.

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