China: desde o início do surto, a China acumula 81.740 casos (Aly Song/Reuters)
AFP
Publicado em 7 de abril de 2020 às 06h57.
Última atualização em 7 de abril de 2020 às 10h59.
A China esperava por isso há três meses. Nesta terça-feira (7), pela primeira vez, o país não registrou nenhuma morte pela COVID-19, horas antes do fim do bloqueio da cidade de Wuhan, epicentro da doença.
O país caminha para uma saída da crise do novo coronavírus, que apareceu no final de 2019 em seu território e, desde então, causou mais de 75.000 mortes em todo o mundo.
Para conter a disseminação, a China decretou, no final de janeiro, o confinamento drástico de mais de 50 milhões de pessoas em Wuhan, o berço da epidemia, e no restante da província de Hubei (centro).
A técnica valeu a pena. Depois de registrar centenas de mortes por dia em fevereiro, o número diminuiu progressivamente nas últimas semanas até chegar a zero nesta terça-feira, segundo o Ministério da Saúde.
Mas esse número tranquilizador não esconde dois novos riscos: pessoas infectadas que chegam do exterior e a ameaça invisível de pacientes assintomáticos, que não têm tosse ou febre, mas podem transmitir o vírus.
Os residentes de Hubei ficaram confinados em suas casas por dois meses. No final de março, aqueles que não moravam em Wuhan puderam deixar a província, desde que não estivessem doentes.
À meia-noite, horário local (13H00 de Brasília), as pessoas saudáveis serão autorizadas a deixar a capital da província.
"As pessoas mais velhas estão ansiosas para sair", explica à AFP Xia, um morador de 43 anos.
No entanto, os candidatos à saída são limitados pela redução do número de voos e trens para Wuhan, uma medida imposta no auge da epidemia, comenta o conselho da cidade à AFP.
O município também indicou que várias restrições à circulação seriam mantidas na cidade para evitar o reaparecimento de infecções.
"Muitas pessoas pensam que, a partir de 8 de abril, poderão relaxar um pouco. Mas, na prática, precisaremos de mais vigilância", afirmou no domingo o jornal de Hubei, citando um alto funcionário de Wuhan. "Não haverá relaxamento", prometeu.
O conselho da cidade permanece alerta e retirou 70 bairros da lista de "livre de epidemia" (denominação que permite que os moradores deixem suas casas). O município justificou essa decisão depois de descobrir pessoas assintomáticas nesses complexos residenciais.
Wuhan relatou 34 novos casos na segunda-feira. "Essa descoberta mostra que os controles são reforçados", declarou à AFP a médica Xiao. "O fim do confinamento não significa que tudo será reaberto completamente. As pessoas terão que se registrar ao entrar ou sair de um lugar", enfatizou.
"Mesmo que o confinamento seja levantado amanhã, temos que tentar ficar dentro de casa o maior tempo possível", diz Xia, morador de Wuhan.
O declínio nos casos de contaminação e morte na China nas últimas semanas é acompanhado por dúvidas sobre a confiabilidade dos números oficiais publicados pelo governo.
Algumas famílias relataram na imprensa chinesa que as pessoas que morreram em casas ou que não foram testadas no início do surto quando os hospitais estavam sobrecarregados não foram contabilizadas.
Além disso, enquanto novos casos de contaminação de origem local caíram a zero, a China continua enfrentando uma onda de infecções importadas.
O Ministério da Saúde anunciou nesta terça-feira mil casos acumulados. A agência também informou 32 novos casos de contaminação, todos de origem importada.
Além dos aeroportos, as autoridades também reforçarão seus controles nas fronteiras terrestres, afirmou o governo na segunda-feira.
A China relatou sua primeira morte em 11 de janeiro. Desde então, quase 82.000 pessoas foram infectadas no país, das quais 3.331 morreram, segundo dados oficiais.