Yang Yujun mostra uma cópia da nova revisão do livro branco de estratégia militar (REUTERS/Kim Kyung-Hoon)
Da Redação
Publicado em 26 de maio de 2015 às 08h18.
Pequim - A China lançou nesta terça-feira uma nova revisão do livro branco de estratégia militar na qual ressalta o desenvolvimento de sua Marinha e o conceito de "defesa ativa" em plena escalada de tensões entre Pequim e Washington pelas águas do Oceano Pacífico.
"Não atacaremos a não ser que alguém nos ataque, mas, com certeza, contra-atacaremos se nos atacam", disse hoje o coronel Yang Yujun, porta-voz do Ministério da Defesa, em entrevista coletiva na sede de imprensa do Conselho de Estado (governo).
Trata-se do nono documento deste tipo desde 1998, e Yang assegurou que a novidade do atual é que é "mais estratégico e preventivo" em um contexto mundial de "mudanças sem precedentes e com a China em um ponto crítico de reforma e desenvolvimento".
Apesar de enfatizar o compromisso da China com o desenvolvimento pacífico, o documento ressalta "domínios de segurança críticos", entre eles os oceanos, o espaço, o ciberespaço e a força nuclear, e adverte que a Marinha "mudará gradualmente seu enfoque".
As forças navais passarão de uma estratégia única de "defesa de águas litorais" para outra que também combine "a proteção de águas abertas", assinalou o porta-voz.
"Necessitamos de uma Marinha forte para defender os interesses marítimos da China", apontou.
Precisamente, a expansão da Marinha chinesa e as ações de Pequim nas águas do Mar da China Meridional (Pacífico), uma área que o país reivindica praticamente em sua totalidade apesar das disputas territoriais com países vizinhos como as Filipinas, o Vietnã e o Japão, é o que despertou as suspeitas dos EUA nos últimos meses.
Assim, o exemplo mais recente da tensão entre as duas potências aconteceu na quarta-feira da semana passada, quando um avião americano de vigilância P8A foi advertido por Pequim por voar em torno das ilhas Spratly (chamadas de Nansha pela China e reivindicadas parcialmente pelas Filipinas), onde Pequim construiu ilhas artificiais.
Sobre essa questão, Yang garantiu hoje que essas "construções não são diferentes de outras (que a China faz) em outras partes do país", e afirmou que "servem para objetivos civis e favorecem não apenas a China, mas toda a comunidade internacional".
Quanto às missões de vigilância dos Estados Unidos, o porta-voz do Ministério da Defesa chinês enfatizou que "se trata de um velho truque, algo que já vimos muitas vezes ao longo da história".
"Existe a possibilidade que outro país queira buscar desculpas para justificar suas futuras ações", acrescentou.
Yang não quis confirmar, nem desmentir, os planos da China de construir mais porta-aviões. Até o momento o país asiático conta com um, o Liaoning, e já confirmou a construção de um segundo, mas, na realidade, acredita-se que há planos para começar a fazer muitos mais.
Além disso, sobre as acusações recíprocas de ciberespionagem entre China e EUA, o porta-voz afirmou que a "China é a maior vítima dos piratas cibernéticos", e advertiu que o país vai aumentar o controle e a defesa de seu ciberespaço. EFE