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China irá sofrer com narcotráfico, diz escritor

O apresentador de TV italiano Roberto Saviano destacou que 'quem infriltar o narcotráfico na China controlará o mundo'

A questão das drogas vai chegar a China quando o país se abrir, disse o escritor (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

A questão das drogas vai chegar a China quando o país se abrir, disse o escritor (Marcello Casal Jr/AGÊNCIA BRASIL)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2012 às 16h46.

Barcelona - O jornalista italiano Roberto Saviano, que espera ter em breve um programa na televisão espanhola semelhante ao que teve na emissora 'RAI', afirmou que 'quem infriltar o narcotráfico na China controlará o mundo'.

Em entrevista concedida à Agência Efe, Saviano disse que 'é difícil investigar a China, porque a Polícia não informa', mas o autêntico risco de que as organizações mafiosas se introduzam no gigante asiático chegará quando o regime comunista se abrir.

'O exército popular chinês é um dos grandes predestinados a lidar com o narcotráfico', disse o jornalista italiano, que apresentou em Barcelona seu último livro sobre a experiência à frente de um programa na italiana 'RAI-3'.

Saviano admite que se sente um 'intruso' no mundo televisivo, como também se sentiu no teatro, mas com o êxito do programa pôde constatar que 'a autêntica democracia chega quando os usuários da televisão se transformam em cidadãos, em partícipes'.

O jornalista espera ter em breve um programa também na Espanha, depois de contatos que manteve com produtores espanhóis e o interesse que mostraram.

Este futuro programa cobriria um vazio, pois 'a história criminal espanhola é pouco conhecida, e tenho a sensação - afirma - de que a Espanha, como também a Itália, podem dar um olhar distinto da América Latina'.

Saviano lembra que um político espanhol lhe advertiu em uma ocasião sobre o 'medo que havia sobre a chegada do México à Espanha, entendida como a chegada dos cartéis da droga'.

O autor de 'Gomorra' não fez referência à suposta relação entre o terrorismo da ETA e o narcotráfico, que detectou em uma investigação da Justiça da Calábria sobre a máfia local, a 'Ndrangheta': 'Há dois chefes - disse - que estão envolvidos na conexão com a ETA'.

Saviano acredita no envolvimento de narcotraficantes com a ETA na última década, algo que relatou ao ex-ministro do Interior Alfredo Pérez Rubalcaba.


De acordo com ele, 'todas as organizações islamitas fazem narcotráfico: Hamas, Hezbolah, os talibãs - cada bala dos talibãs afegãos é comprada com heroína - e também as Farc. É o que os nigerianos chamam de petróleo branco'.

Perguntado sobre a atual crise financeira, o autor italiano opina que ela tem relação com o narcotráfico. 'Na Espanha a prática é muito ligada à especulação imobiliária, um instrumento de lavagem de dinheiro ignorado pela política'.

Neste ponto, ele se pergunta 'como é que a máfia não investiu em bônus lixo' e responde que 'tudo tem a ver com a imensa capacidade de liquidez das máfias italianas, que faturam ao ano 1,6 bilhões de euro e têm uma liquidez constante de 60 bilhões'.

Saviano descreve uma Espanha com território dividido por organizações narcotraficantes: búlgaros, russos, sérvios, georgianos, calabreses, napolitanos, marroquinos, turcos e libaneses distribuem a cocaína para que eslavos e nigerianos a repartam.

O dinheiro da droga se legaliza, segundo Saviano, através de postos de gasolina, da gasolina e inclusive dos bingos. Ele argumenta que a opinião pública espanhola não tem consciência das atuações das máfias porque 'não são cometidos delitos de sangue, não matam policiais ou juízes'.

Em seu último livro, 'Vieni via con me' (Venha comigo, em tradução livre), que vendeu 500 mil exemplares na Itália em um mês, Saviano retrata a situação de seu país, com episódios como a expansão do crime organizado no norte e o eterno problema do lixo em Nápoles, que acumulado formaria 'um Everest' de 15 quilômetros de altura. 

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