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China inicia investigação sobre importações de canola do Canadá

Em resposta às tarifas canadenses sobre veículos elétricos, China lança investigação que impacta a relação comercial entre as duas nações

As exportações canadenses representam 94% do total da canola consumida na China. (Todd Korol/Reuters)

As exportações canadenses representam 94% do total da canola consumida na China. (Todd Korol/Reuters)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 9 de setembro de 2024 às 11h48.

A China anunciou nesta segunda-feira, 9 , o início de uma investigação antidumping de um ano sobre as importações de canola do Canadá, semanas antes da entrada em vigor das tarifas de 100% aplicadas por Ottawa sobre veículos elétricos fabricados na China. Essa investigação examinará as importações realizadas entre 1º de janeiro e 31 de dezembro de 2023, segundo comunicado do Ministério do Comércio chinês. As informações são da Reuters.

O governo chinês afirmou que há evidências preliminares de que o dumping de canola canadense teria ocorrido, resultando em prejuízos à indústria doméstica, dada a alta significativa nas importações e a consequente queda nos preços desse produto no mercado local.

Mais da metade da canola exportada pelo Canadá tem como destino a China. Em 2023, o maior importador de oleaginosas do mundo adquiriu 5,5 milhões de toneladas métricas de canola, avaliadas em US$ 3,72 bilhões (aproximadamente R$ 21 bilhões). As exportações canadenses representaram 94% desse total.

De acordo com o porta-voz do Ministério do Comércio da China, a investigação sobre a canola canadense é "fundamentalmente diferente" das medidas discriminatórias adotadas pelo Canadá, que, segundo ele, violam as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). O Canadá, seguindo os passos dos Estados Unidos e da União Europeia, implementará em 1º de outubro uma tarifa de 100% sobre veículos elétricos fabricados na China e uma tarifa de 25% sobre o aço e alumínio importados do país asiático.

Impacto no mercado

O anúncio da investigação antidumping por Pequim fez os preços dos futuros de óleo de canola no mercado doméstico chinês atingirem seu maior patamar em um mês. A investigação terá início imediato e deverá ser concluída até 9 de setembro de 2025, com a possibilidade de uma extensão de seis meses em circunstâncias especiais, informou o ministério.

A análise também incluirá a avaliação dos danos causados pela canola canadense à indústria chinesa entre 1º de janeiro de 2021 e 31 de dezembro de 2023. Essa investigação poderá ter impactos significativos para o mercado agrícola global, visto que o Canadá é um dos principais fornecedores de canola para a China.

O ministro da Agricultura do Canadá, Lawrence MacAulay, já havia demonstrado preocupação com a medida tomada pela China, classificando-a como "profundamente preocupante". Além da investigação sobre a canola, o governo chinês anunciou que também examinará práticas de dumping em relação a alguns produtos químicos canadenses, intensificando as tensões comerciais entre os dois países.

Tarifas sobre veículos elétricos

Enquanto a investigação antidumping sobre a canola segue em curso, o foco também recai sobre as tarifas impostas pelo Canadá sobre os veículos elétricos chineses, que entram em vigor em outubro. Essas tarifas fazem parte de um esforço para fortalecer a indústria automotiva doméstica e alinhar-se com os padrões de emissão de carbono mais rígidos adotados por países ocidentais.

No entanto, a medida deve ter repercussões nas cadeias globais de suprimento de veículos elétricos, dado o papel central da China na produção e exportação desses automóveis. A China se tornou líder na fabricação de veículos elétricos e na produção de baterias para esse setor, o que torna qualquer barreira comercial relevante para o mercado global.

Os próximos meses serão cruciais para observar como essas disputas comerciais afetarão não apenas o comércio entre China e Canadá, mas também o mercado global de oleaginosas e veículos elétricos. Ambos os setores desempenham papéis importantes nas economias dos dois países, e qualquer escalada nas tensões pode ter implicações de longo prazo para os fluxos comerciais internacionais.

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