Sede do gigante chinês das telecomunicações Huawei: jornais publicaram artigos com informações contidas em documentos sigilosos fornecidos aos jornalistas por Snowden (AFP / Aaron Tam)
Da Redação
Publicado em 24 de março de 2014 às 20h25.
Pequim/Washington - A China quer uma explicação clara de Washington sobre reportagens informando que a Agência de Segurança Nacional (NSA) dos Estados Unidos infiltrou servidores na sede da gigante das telecomunicações chinesa Huawei Technologies Co HWT.UL, disse o porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do país nesta segunda-feira.
O presidente chinês, Xi Jinping, levantou a questão em um encontro com o presidente dos EUA, Barack Obama, à margem de uma reunião de cúpula sobre segurança nuclear em Haia, e ouviu que os Estados Unidos não espionam com a intenção de levar vantagem comercial, afirmou o vice-conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Ben Rhodes.
"Nós não compartilhamos informações com nossas empresas", declarou Rhodes a repórteres em Washington.
O porta-voz da chancelaria chinesa, Hong Lei, disse que a China está "extremamente preocupada" com as acusações de espionagem.
"Recentemente, a mídia internacional publicou uma grande quantidade de reportagens sobre espionagem, vigilância e roubo de segredos por parte dos Estados Unidos em outros países, incluindo a China", disse ele em uma entrevista coletiva regular.
"A China já apresentou muitas queixas aos Estados Unidos sobre o assunto. Exigimos que os Estados Unidos apresentem explicação clara e parem com tais atos." Questões sobre ciberespionagem abalaram as relações entre China e EUA, com cada lado acusando um ao outro de espionagem.
No sábado, o New York Times e a revista alemã Der Spiegel publicaram artigos com informações sobre a Huawei contidas em documentos sigilosos fornecidos aos jornalistas pelo ex-prestador de serviços da NSA Edward Snowden.
A Der Spiegel informou também que a NSA tinha como alvo a liderança política da China, incluindo o ex-presidente Hu Jintao e os ministérios do Comércio e de Relações Exteriores.
A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA Marie Harf disse que não poderia comentar sobre operações específicas em países específicos, mas afirmou que, conforme a lei do país, toda a atividade de inteligência é focada "nas necessidades de segurança nacional do nosso país".
"Nós coletamos informações de sinais exclusivamente onde existe uma inteligência estrangeira ou o objetivo de (estabelecer uma atividade de) contra-inteligência", disse ela em uma entrevista coletiva regular.
"Em outras palavras, não coletamos essas coisas para dar às empresas norte-americanas vantagem econômica."