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China critica países que desejam "matar" o Protocolo de Kyoto

Documento, aprovado em 1997, obriga quase 40 países desenvolvidos a reduzirem emissões de gases do efeito estufa

Poluição no Japão: país não quer renovar compromisso se grandes emissores como China e EUA não tiverem obrigações a cumprir (Koichi Kamoshida/Getty Images)

Poluição no Japão: país não quer renovar compromisso se grandes emissores como China e EUA não tiverem obrigações a cumprir (Koichi Kamoshida/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 4 de dezembro de 2010 às 09h06.

Cancún - A China criticou na sexta-feira, durante a conferência climática da ONU no México, os países que desejam acabar com o Protocolo de Kyoto, numa referência velada à posição do Japão contra a prorrogação desse tratado.

"Alguns países, até agora, ainda não gostam do Protocolo de Kyoto", disse o delegado chinês Huang Huikang a jornalistas. "E eles querem até matar o Protocolo de Kyoto, acabar com o Protocolo de Kyoto. Esse é um movimento muito preocupante."

O Protocolo de Kyoto, que foi aprovado em 1997 e expira em 2012, obriga quase 40 países desenvolvidos a reduzirem suas emissões de gases do efeito estufa. A China, que desde então se tornou o maior emissor global desses gases, foi dispensada originalmente por se tratar de um país em desenvolvimento.

Os EUA, segundo no ranking das emissões, não ratificaram o tratado por temerem prejuízos econômicos e por discordarem da isenção às economias emergentes.

Vários dos países incluídos no Protocolo de Kyoto - principalmente o Japão - dizem que não aceitarão renovar esse compromisso se grandes emissores, como China e Estados Unidos, não tiverem obrigações a cumprir.

"O Japão não quer matar Kyoto. Matar Kyoto é uma espécie de linguajar de propaganda", disse o negociador japonês Akira Yamada, que estava sentando ao lado de Huang na entrevista coletiva.

Sem a participação da China e dos EUA, o Protocolo de Kyoto abrange atualmente apenas 27 por cento das emissões globais, e não há perspectiva imediata de aprovação de um novo acordo que substitua o atual, já que persistem as divergências entre países ricos e pobres sobre quais obrigações cada grupo deve assumir.

Os governos esquerdistas da Bolívia e da Venezuela disseram ser "inaceitável" que países desenvolvidos tenham lhes informado sobre a impossibilidade de um novo acordo sobre metas para emissões na atual rodada de discussões climáticas da ONU.

"A mensagem que ouvimos, para nossa surpresa, foi a seguinte: que não há chance nenhuma de um segundo período de promessas aqui em Cancún", disse a chefe da delegação venezuelana, Claudia Salerno.

Sem a expectativa de aprovar um novo tratado abrangente contra a mudança climática, a conferência de Cancún se concentra em um pacote de medidas que ofereça recursos para a preservação florestal e outras medidas de mitigação.

A indefinição quanto às políticas pós-2012 preocupa os investidores interessados no mercado global de créditos de carbono, pelo qual países ou empresas que excedem suas quotas de emissões podem compensá-las estimulando projetos florestais ou de energia limpa, por exemplo.

A Agência Internacional de Energia afirma que seria necessário investir 18 trilhões de dólares até 2030 para realizar a mudança do uso de combustíveis fósseis - grandes responsáveis pelas emissões de carbono - para energias limpas.

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