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China confisca produtos farmacêuticos após aumento de casos de covid-19

As farmácias das grandes cidades ficaram sem produtos depois da decisão repentina do governo de acabar com quase três anos de confinamentos

Clientes compram remédios em farmácia de Pequim, em 17 de dezembro de 2022

 (AFP/AFP)

Clientes compram remédios em farmácia de Pequim, em 17 de dezembro de 2022 (AFP/AFP)

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AFP

Publicado em 23 de dezembro de 2022 às 06h39.

Última atualização em 23 de dezembro de 2022 às 06h42.

A China confiscou a produção de material médico de algumas empresas farmacêuticas depois de registrar problemas no abastecimento de remédios básicos básicos e testes de diagnóstico após o aumento de contágios de covid-19.

As farmácias das grandes cidades ficaram sem produtos depois da decisão repentina do governo de acabar com quase três anos de confinamentos, quarentenas e testes em larga escala, conhecidos como política de "covid zero".

As autoridades também recomendaram que as pessoas com sintomas leves permaneçam em casa e optem pelo autotratamento, o que provocou a compra compulsiva de analgésicos, como o ibuprofeno, ou de testes de antígenos.

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Para solucionar a escassez, o governo optou pela intervenção em mais de 10 empresas farmacêuticas chinesas para ajudar a "garantir o fornecimento" de medicamentos, segundo a imprensa local e fontes entrevistadas pela AFP.

Ao menos 11 dos 42 fabricantes de testes de diagnóstico cujos produtos estão autorizados pelas agências reguladoras chinesas viram grande parte de sua produção apreendida pelo governo ou receberam ordens do Estado para entregar os produtos, informou a imprensa local.

A Wiz Biotech, um fabricante de testes de antígenos na cidade de Xiamen (sul), confirmou à AFP que toda sua produção foi apreendida pelo governo local.

Em Pequim, as autoridades enviaram mão de obra a seis fabricantes de testes de diagnóstico rápido para ajudar a "aumentar a produção, segundo o governo municipal.

Em toda a China, milhões de pessoas não têm acesso a produtos farmacêuticos básicos. "Toda minha família está doente e não consigo comprar remédio para febre", declarou à AFP Yanyan, moradora de Chengdu (sudoeste) que revelou apenas seu nome.

Na quinta-feira, várias farmácias do país relataram à AFP que os medicamentos para tratamento da febre estavam no fim. "Não recebemos nada durante uma semana ou duas. Ainda restam alguns analgésicos, mas muito poucos", disse o funcionário de uma farmácia da região de Ningxia (noroeste). Alguns governos locais adotaram sistemas de racionamento.

Na cidade de Zhuhai (sul), perto de Macau, as autoridades anunciaram a exigência da apresentação de documento de identidade para a compra de remédios para febre em mais de 500 farmácias, assim como a limitação da aquisição a seis comprimidos por semana.

Nanjing, a capital da província de Jiangsu (leste), conseguiu adquirir dois milhões de comprimidos, mas também limitou as compras a seis pílulas por semana. A cidade de Hangzhou pediu aos cidadãos que comprem medicamentos de maneira "racional", com base em suas necessidades.

"Não façam estoque de remédios. Deixem para as pessoas que realmente precisam", afirma um anúncio do município. Um especialista afirmou à AFP que o maior problema está na logística, e não na produção.

"A indústria e as autoridades estão adotando medidas para assegurar a produção, mas a logística está longe de ser tranquila, especialmente nos canais tradicionais de hospitais e farmácias", afirmou Zhou Zhicheng, diretor da Federação Chinesa de Logística e Compras. O aumento de casos também é refletido nos hospitais, lotados de idosos com covid.

Em Xangai, uma correspondente da AFP observou os corredores de uma emergência de hospital lotados de pacientes com cilindros de oxigênio em macas.

O avanço da covid na China continental tem consequências na cidade semiautônoma de Hong Kong, onde as compras registraram aumento expressivo nas farmácias, que está com prateleiras parcialmente vazias hás duas semanas. "Na semana passada, algumas pessoas compraram uma dúzia ou duas dúzias de caixas de remédios para febre para enviar para a China continental", disse um farmacêutico à AFP.

A principal rede de farmácias da cidade, Mannings, limitou as compras de remédios contra febre, resfriado, gripe e tosse após o "súbito aumento da demanda". O diretor da Câmara Geral de Farmácias de Hong Kong disse que a maioria dos medicamentos provavelmente será direcionada para o restante da China.

As autoridades de Taiwan também registraram um aumento nas compras de medicamentos e afirmaram que, em caso de agravamento da situação, podem adotar o racionamento.

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