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China afirma que vai ignorar qualquer novo aumento de tarifas dos Estados Unidos

Xi Jinping diz que China e União Europeia devem resistir à 'intimidação'

Presidente chinês Xi Jinping  (ANDRES MARTINEZ CASARES / POOL/ AFP)

Presidente chinês Xi Jinping (ANDRES MARTINEZ CASARES / POOL/ AFP)

Publicado em 11 de abril de 2025 às 07h24.

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A China afirmou nesta sexta-feira, 11, que "vai ignorar" a partir de agora qualquer nova alta de tarifas imposto pelos Estados Unidos, depois de reagir ao aumento tarifário da administração Trump com seu próprio aumento de 125% aos produtos americanos.

"Levando em consideração que neste nível de tarifas os produtos americanos exportados para a China já não têm mais nenhuma chance de serem aceitos no mercado, se Washington continuar aumentando suas tarifas, a China vai ignorar", afirmou a Comissão Tarifária do governo, em um comunicado divulgado pelo Ministério das Finanças.

A imprensa estatal informou ainda que Pequim apresentará uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC) devido às novas tarifas impostas por Washington.

Xi Jinping diz que China e União Europeia devem resistir à 'intimidação'

O presidente chinês, Xi Jinping, fez um apelo também nesta sexta à União Europeia (UE) por uma resistência conjunta à "intimidação", em plena ofensiva tarifária dos Estados Unidos, informou a agência estatal de notícias Xinhua.

Em uma reunião em Pequim com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o chefe de Estado da segunda maior economia mundial destacou a necessidade de cooperação entre as potências diante da guerra comercial iniciada por Donald Trump.

"China e a UE devem assumir suas responsabilidades internacionais, proteger juntas a globalização econômica (...) e resistir juntas a qualquer assédio unilateral", afirmou Xi.

Isto não apenas "protegeria seus direitos e interesses legítimos, mas também (...) protegeria a justiça e a equidade internacional".

Sánchez busca reforçar comércio com China

Em uma entrevista coletiva posterior, Sánchez, partidário da aproximação entre UE e Pequim, declarou que as tensões comerciais entre as potências não devem interferir no desenvolvimento de sua cooperação.

"Tanto a Espanha como a Europa têm um importante déficit comercial com a China em que devemos trabalhar para sanar", afirmou o líder social-democrata.

"Mas não devemos permitir que as tensões comerciais interfiram no potencial crescimento de nossa relação, entre China e Espanha e entre China e a UE", acrescentou.

A Espanha importa produtos chineses no valor de 45 bilhões de euros (289 bilhões de reais), mas suas exportações para a segunda economia mundial são de 7,4 bilhões de euros (49 bilhões de reais).

Em sua terceira viagem à China em pouco mais de dois anos, Sánchez tenta estimular as exportações e atrair investimentos que criem "valor agregado" e "emprego qualificado de qualidade".

Disputa sobre carros elétricos e produtos suínos

Na visita anterior a Pequim, em setembro, Sánchez estabeleceu uma distância da UE e pediu ao bloco que reconsiderasse o plano de impor tarifas elevadas aos carros elétricos chineses.

Bruxelas defendia que as tarifas eram necessárias para proteger os fabricantes europeus da concorrência desleal das empresas chinesas, que recebem apoio estatal.

Pequim respondeu à medida com uma investigação sobre as importações de carne de porco da UE, um tema delicado para a Espanha, a maior exportadora de produtos suínos europeus para a China.

Sánchez anunciou que assinou um protocolo para ampliar as possibilidades de acesso dos produtos suínos espanhóis ao mercado chinês.

A nova viagem gerou críticas da direita espanhola e da imprensa conservadora, que temem uma aproximação da China e consideram que Sánchez não está alinhado com UE.

O secretário do Tesouro de Donald Trump, Scott Bessent, advertiu esta semana os governantes espanhóis que um alinhamento maior com a China "seria como cortar o próprio pescoço".

*Com AFP.

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