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Chilenos retomam protestos e quase 300 são presos

Chile enfrenta a maior onda de protestos contra o governo desde a redemocratização

Chile: protesto foi convocado para o primeiro dia após as férias de verão dos chilenos (Jose Luis Saavedra/Reuters)

Chile: protesto foi convocado para o primeiro dia após as férias de verão dos chilenos (Jose Luis Saavedra/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 4 de março de 2020 às 09h27.

Os manifestantes chilenos retomaram as ruas de Santiago em novos episódios de violência. Os confrontos com a polícia levaram 283 pessoas à prisão e deixaram 76 policiais feridos. O transporte público da capital foi temporariamente interrompido. Os protestos contra o presidente, Sebastián Piñera, começaram em outubro passado e provocaram a maior crise social desde a redemocratização do país, em 1990.

As manifestações foram convocadas para o primeiro dia após as férias de verão dos chilenos. Desde a tarde de segunda-feira, milhares de manifestantes se reuniram na Praça Itália, no centro de Santiago. Alguns manifestantes forçaram a interdição do metrô de linhas de ônibus e atearam fogo para formar barricadas nas ruas. As cidades de Antofagasta, Temuco e Concepción também registraram confrontos. Os distúrbios seguiram pela madrugada adentro até a manhã de ontem.

Pelo menos 15 estações ferroviárias da região metropolitana de Santiago também fecharam as portas. As principais estradas que dão acesso à capital mostravam nesta terça-feira, 3, resquícios das manifestações, com semáforos no chão e destroços de barricadas espalhados pelo asfalto.

O ministro do Interior, Gonzalo Blumel, informou que várias delegacias foram atacadas. "Durante a noite, o que vimos foi crime, pura e simplesmente", afirmou o ministro. "A cidade funcionou, as pessoas puderam realizar suas atividades. Mas à tarde e à noite houve violência. São atos de violência que nada têm a ver com demandas sociais", afirmou.

Os protestos no Chile começaram com o aumento das tarifas do metrô de Santiago. No entanto, rapidamente se transformaram em uma reivindicação de reformas sociais em um país em que a educação, a saúde e a previdência são, em grande parte, privadas. Desde então, 31 pessoas morreram e milhares ficaram feridas. Piñera decretou estado de emergência após o início dos protestos, levando os militares às ruas pela primeira vez desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, que durou de 1973 até 1990.

O presidente chileno tem sido pressionado a expandir a agenda de reformas sociais de seu governo, desde o auge da crise social, no ano passado. Entre as concessões está a possibilidade de ser promulgada uma nova Constituição - um plebiscito sobre o tema foi marcado para o dia 26 de abril.

A campanha começou na semana passada e parte das legendas da coalizão de centro-direita de Piñera é contra a substituição da Carta.

A violência diminuiu em janeiro e fevereiro, quando a maioria dos chilenos estava em férias. Agora, porém, um intenso calendário de manifestações circula nas redes sociais, com protestos marcados para quase todos os dias de março.

Uma das marchas será organizada no domingo, Dia Internacional da Mulher. As feministas devem se unir nos protestos aos grupos indígenas, ambientalistas, sindicatos e estudantes. (Com agências internacionais).

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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