Mundo

Chile terá segundo turno com Bachelet e Mathei

O Serviço Eleitoral confirmou que Bachelet, que busca a reeleição, enfrentará Matthei no próximo dia 15 de dezembro


	Michele Bachelet: Bachelet tinha expressado seu desejo de vencer no primeiro turno, algo que não acontece no Chile há duas décadas
 (©AFP / Joel Saget)

Michele Bachelet: Bachelet tinha expressado seu desejo de vencer no primeiro turno, algo que não acontece no Chile há duas décadas (©AFP / Joel Saget)

DR

Da Redação

Publicado em 19 de novembro de 2013 às 11h23.

Santiago - A ex-presidente socialista Michelle Bachelet obteve 46,68% dos votos, contra 25,01% da candidata governista Evelyn Matthei, com 99,34% das urnas apuradas oficialmente, no primeiro turno das eleições gerais chilenas, realizado neste domingo.

O Serviço Eleitoral confirmou que Bachelet, que busca a reeleição, enfrentará Matthei no próximo dia 15 de dezembro. Para vencer em primeiro turno, Bachelet precisava de 50% dos votos mais um.

Bachelet que, em 2006, se tornou a primeira mulher a chegar à presidência, tinha expressado seu desejo de vencer no primeiro turno, algo que não acontece no Chile há duas décadas.

"Sabíamos que o desafio de vencer no primeiro turno era complexo, fizemos um grande esforço e ficamos muito perto de alcançá-lo. Ganhamos esta noite e vamos trabalhar para ganhar amplamente em dezembro", afirmou a ex-presidente de 62 anos para simpatizantes na avenida Alameda de Santiago.

As pesquisas projetavam uma vitória de Bachelet no primeiro turno.

Mathei, por outro lado, havia declarado sua segurança em disputar o segundo turno, e celebrou o resultado.

"Vamos ganhar no segundo turno", declarou a candidata, de 60 anos, em um discurso na sede da campanha.

Quase 13 milhões de chilenos estavam registrados para votar nas eleições presidenciais e parlamentares de domingo, que pela primeira vez contaram com o sistema de voto facultativo. De acordo com o Serviço Eleitoral, a taxa de participação foi de 56%, abaixo do esperado.

Os resultados de domingo permitem ao partido governista "perder de forma mais digna", afirma o cientista político Cristóbal Bellolio, da Universidade Adolfo Ibáñez, Cristóbal Bellolio.


Para o analista, a eleição de dezembro será "quase um trâmite" para Bachelet.

Apesar da grande diferença para a candidata de esquerda, a passagem ao segundo turno representa uma injeção de ânimo para a direita chilena, destacaram analistas.

Em terceiro lugar, o cineasta socialista Marco Enríquez-Ominami recebeu 10,96% dos votos. Ele disse que não apoiará nenhuma candidata no segundo turno.

Uma disputa histórica

No segundo turno, haverá uma disputa histórica e dramática. Pela primeira vez, duas mulheres disputarão uma eleição no Chile.

Ambas, além disso, compartilham um passado comum. Tanto Matthei como Bachelet são filhas de generais da Força Aérea que eram grandes amigos e brincavam juntas na base militar onde suas famílias viviam.

Contudo, o golpe de Estado que instalou a ditadura de Augusto Pinochet, no dia 11 de setembro de 1973, separou a vida de ambas as famílias.

Enquanto o general Alberto Bachelet foi preso no mesmo dia da revolta militar e torturado até a morte por se manter fiel à Allende, Fernando Matthei, fez parte da junta militar do regime de Pinochet.

O general Matthei era responsável pelo local onde seu amigo Alberto Bachelet morreu, mas a justiça determinou que ele não teve envolvimento na morte de Alberto Bachelet.

Bachelet e sua proposta de mudanças

Depois de deixar o governo em 2010 com uma popularidade recorde de mais de 80% e impedida por lei de se reeleger imediatamente, Bachelet comunicou em março sua intenção de voltar a se candidatar.

Nesta campanha, é apoiada pelo pacto Nova Maioria, integrado por socialistas, democrata-cristãos e pelo Partido Comunista.

Pediatra e mãe de três filhos, Bachelet propôs uma reforma tributária, a reinstalação do aborto terapêutico - proibido no Chile em todas as suas formas - e um debate sobre o casamento gay.


Também propôs uma reforma educacional e uma nova Constituição que acabe com a herdada pela ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

Matthei, candidata da ultraconservadora União Democrata Independente (UDI), defende a continuidade do governo de direita do presidente Sebastián Piñera e chama as mudanças propostas por Bachelet de "irracionais".

Com uma economia chilena crescendo a bom ritmo, mas persistente desigualdade social, as propostas de mudança atraíram a população.

Contudo, para concretizar as transformações, Bachelet precisa de uma ampla maioria no Congresso, que renova seus 120 deputados e 20 de seus 38 senadores.

Segundo resultados preliminares, a coalizão Nova Maioria de Bachelet obteria maioria simples na Câmara dos Deputados e no Senado, insuficiente para executar as mudanças mais profundas.

A coalizão de Bachelet conquistaria 67 cadeiras na Câmara, contra 49 da direita e quatro independentes.

No Senado, a Nova Maioria ficaria com 21 senadores, a Aliança de direita com 16 e um independente.

Esta maioria simples permitiria a Bachelet - caso ratifique a vitória nas urnas - realizar apenas algumas das reformas propostas, como a reforma tributária e a educacional.

Na disputa legislativa, a líder estudantil comunista Camila Vallejo e outros três ex-dirigentes do movimento de protesto de 2011 no Chile foram eleitos deputados no domingo.

Acompanhe tudo sobre:América LatinaChileEleiçõesEvelyn MattheiMichelle Bachelet

Mais de Mundo

Trump nomeia Robert Kennedy Jr. para liderar Departamento de Saúde

Cristina Kirchner perde aposentadoria vitalícia após condenação por corrupção

Justiça de Nova York multa a casa de leilões Sotheby's em R$ 36 milhões por fraude fiscal

Xi Jinping inaugura megaporto de US$ 1,3 bilhão no Peru