Sebastián Piñera, presidente do Chile: ano será intenso (Agencia Makro/Getty Images)
Bloomberg
Publicado em 22 de dezembro de 2020 às 14h29.
Investidores no Chile se preparam para um ano tumultuado com duas eleições e a redação de uma nova Constituição, processos que testarão a reputação do país como o mercado mais estável e favorável aos negócios da América Latina.
Em abril, os cidadãos devem escolher os representantes de uma Assembleia Constituinte para redigir a nova Carta Magna, antes de retornar às urnas em novembro para as eleições presidenciais e parlamentares. E, com a rejeição aos partidos tradicionais em alta após meses de violenta agitação social, investidores têm pouca ideia do que acontecerá nas votações.
Muitos investidores creditam a Constituição atual por sustentar mais de três décadas de rápido crescimento, disciplina fiscal e lucros corporativos crescentes que deram ao Chile a maior classificação de crédito soberano da América Latina. Para a esquerda, a Assembleia Constituinte é uma oportunidade para derrubar o legado do capitalismo desenfreado de Augusto Pinochet e as profundas desigualdades que consagra. Enquanto isso, investidores prendem a respiração.
“Parece que o Chile vai enfraquecer suas regras fiscais lendárias e tão imitadas”, disse Michael Roche, estrategista da Seaport Global Holdings, de Nova York, que recomenda a venda da dívida do governo chileno em favor de títulos soberanos do Uruguai. “É provável que estejam embarcando em algo susceptível de perturbar este modelo a ponto de poder ser anulado.”
Os chilenos votaram por uma maioria de quase 80% para reescrever a Constituição em um referendo em outubro, demonstrando a intensidade do sentimento em um país devastado pela agitação social há mais de um ano. Essa explosão de descontentamento paralisou grande parte do país, derrubando o peso e provocando uma rara intervenção do banco central.