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Chile realiza hoje plebiscito para mudar Constituição da época da ditadura

Os chilenos vão às urnas neste domingo, 25, para decidir se mudam Constituição que vigora desde o regime de Pinochet

Local de votação em referendo no Chile: decisão sobre mudar a Constituição (AFP/AFP)

Local de votação em referendo no Chile: decisão sobre mudar a Constituição (AFP/AFP)

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Carolina Riveira

Publicado em 25 de outubro de 2020 às 09h35.

Última atualização em 26 de outubro de 2020 às 19h03.

O Chile inicia neste domingo, 25, um dia histórico. Os chilenos vão às urnas em um referendo para decidir sobre mudar ou não a Constituição do país, herdada da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).

O texto já foi reformado algumas vezes desde o fim da ditadura, a partir da década de 90, mas protestos em massa sobre as injustiças sociais do país no ano passado levaram a novas críticas sobre pontos da Constituição. 

Nas urnas, os chilenos terão de responder "Aprovo" ou "Rejeito" para a pergunta sobre elaborar uma nova Constituição. A maioria das pesquisas apontam que o "Aprovo" deve vencer.

Parte crescente dos chilenos passou a questionar o estado social fraco das leis do país, como o alto custo do transporte, da saúde e da educação e o sistema previdenciário, que funciona em um modelo de capitalização desde a ditadura de Pinochet, que foi responsável por implementar reformas liberais.

Depois, os eleitores também votam hoje sobre quem vai redigir o novo texto: se uma mistura de parlamentares atualmente eleitos e novos membros eleitos pelo voto popular; ou se totalmente por novos membros eleitos.

São cerca de 14,7 milhões de eleitores, mas o voto é voluntário no Chile desde 2012. Espera-se um alto nível de participação devido à importância que a reforma constitucional ganhou desde os protestos do ano passado, que levaram milhões de chilenos às ruas.

Os protestos fizeram um ano neste mês de outubro, o que levou nova leva de manifestações -- alguns dos protestos ficaram violentos e incluíram duas igrejas queimadas na semana passada.

A possibilidade de reforma da Constituição foi apresentada pelo governo do presidente conservador Sebastián Piñera após os protestos do ano passado, em plano que batizou de Acordo pela Paz Social e a Nova Constituição. Piñera está no poder no Chile desde 2017, e o país terá também novas eleições presidenciais em 2021.

Sua taxa de aprovação caiu para um patamar recorde de baixa em meio aos protestos e se manteve claudicante durante a pandemia.

Falando hoje no bairro de Las Condes, perto de sua casa, ele fez um apelo para que os chilenos compareçam em números recordes, não importando sua inclinação de voto.

"Nesta noite, quando soubermos os resultados, respeitemos a decisão do povo e tomemos uma ação forte e clara pela democracia e não pela anarquia, pela paz e não pela violência, pela unidade e não pela divisão", disse Piñera a jornalistas.

A votação está acontecendo neste domingo desde às 8h (horário local, mesmo horário de Brasília) e durará por 12 horas. Devido à pandemia da covid-19, haverá turnos específicos para os idosos com mais de 60 anos, visando evitar aglomerações. O Chile tem mais de 500.000 casos e mais de 13.800 mortos por coronavírus.

Outros eleitores que estão no exterior já votaram. Os primeiros resultados vieram da Nova Zelândia, segundo reportado pela imprensa local. Por lá, 90% dos eleitores escolheu a opção "Aprovo", por mudar a Constituição, enquanto 8% escolheu "Rejeito" e os restantes não escolheram uma opção.

(Com AFP e Reuters)

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