Piñera: "a muitas pessoas foi passado um voto que estava marcado a favor de (Alejandro) Guillier ou de Beatriz Sánchez" (Ivan Alvarado/Reuters)
AFP
Publicado em 4 de dezembro de 2017 às 17h56.
O ex-presidente chileno Sebastián Piñera, candidato da direita a um novo mandato, denunciou nesta segunda-feira (4) irregularidades nas células de votação que teriam beneficiado os candidatos de esquerda Alejandro Guillier e Beatriz Sánchez no primeiro turno de novembro passado.
Piñera, que em duas semanas enfrentará Guillier no segundo turno, afirmou em uma entrevista à rádio ADN que no primeiro turno "a muitas pessoas foi passado um voto que estava marcado a favor de (Alejandro) Guillier ou de Beatriz Sánchez" quando estavam prestes a votar.
Presidente do Chile entre 2010 e 2014, e vencedor do primeiro turno com 36,6% dos votos, Piñera excluiu o Serviço Eleitoral da denúncia, sem identificar um culpado concreto. "Alguém na mesa marcou o voto antes que o cidadão pudesse expressar sua preferência", explicou.
O governo e a esquerda repudiaram a denúncia de Piñera, a primeira acusação sobre irregularidades em uma votação feita por um candidato durante um processo eleitoral no Chile.
"O Chile tem um prestígio internacional por suas eleições corretas e transparentes. Sejamos responsáveis e não desacreditemos nossas instituições democráticas", reagiu a presidente Michelle Bachelet, em sua conta oficial do Twitter.
"Não há uma denúncia concreta sobre entrega de votos marcados", afirmou o presidente do Conselho Diretor do Serviço Eleitoral, Patricio Santamaría.
Piñera disputará o segundo turno em 19 de dezembro com Alejandro Guillier, um jornalista que atrai agora o apoio de toda a coalizão de centro-esquerda.
"Ontem (domingo) Piñera pedia uma campanha de respeito e hoje faz uma acusação grave contra a democracia e sem fundamento", criticou Guillier em sua conta do Twitter.
Piñera afirmou que no segundo turno, daqui a duas semanas, e que se antecipa muito disputado, os partidos de direita terão representantes na maioria das mesas para evitar irregularidades. "É preciso ter olhos atentos", disse o ex-mandatário.
No primeiro turno, ele se queixou de não ter representantes suficientes nos centros de votação.
No Chile, onde o voto é voluntário, mais de 14 milhões de pessoas estão habilitadas a ir às urnas.