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Chile negocia com os EUA: ministro da Fazenda diz estar otimista, mas cauteloso

Mario Marcel vê espaço para cooperação com governo Trump, mas segue apreensivo

Agência o Globo
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Publicado em 26 de abril de 2025 às 19h34.

 

O Chile está esperançoso, mas cauteloso após negociações comerciais com os Estados Unidos, que começaram de forma positiva, disse o ministro da Fazenda chileno, Mario Marcel, em entrevista.

“Acredito que há uma grande convergência de interesses entre os EUA e o Chile”, afirmou Marcel, de 65 anos, no sábado, após uma reunião bilateral com o secretário-adjunto do Tesouro americano, Michael Faulkender, em Washington. “Estou otimista, mas cauteloso.”

O economista, formado pela Universidade de Cambridge, descartou possíveis impactos das tensões comerciais sobre a inflação, citando a desvalorização do dólar frente ao peso chileno. Sua maior preocupação é com o crescimento econômico.

“A combinação de incertezas aquecendo os mercados financeiros e a desorganização do comércio afetando a atividade econômica no longo prazo são as duas principais preocupações que temos”, acrescentou.

Marcel está à frente da economia do Chile — que possui acordos comerciais com dezenas de países responsáveis por mais de 85% do PIB mundial — em um momento de fortes tensões comerciais globais.

As tarifas impostas pelo presidente Donald Trump afetaram as exportações chilenas de produtos-chave como frutas e peixes, e também foi iniciada uma investigação sobre possíveis tarifas sobre o cobre, principal produto de exportação do Chile. Em resposta, o governo do presidente Gabriel Boric tem buscado manter o diálogo com os EUA ao mesmo tempo em que aprofunda laços comerciais com outros países.

A China e os Estados Unidos são, respectivamente, os dois maiores parceiros comerciais do Chile. O país tem um acordo de livre comércio com os EUA desde 2004 e com a China desde 2006.

“No que diz respeito ao comércio exterior, nós não negociamos investimentos no Chile. Não dirigimos o comércio. Nosso objetivo é firmar acordos de livre comércio com os países”, explicou Marcel. “E dentro dessa abordagem, temos feito negócios com os EUA há muito tempo, e nossas economias são bastante complementares.”

Segundo Marcel, os investimentos na crescente indústria de lítio do Chile são diversificados, e a China está longe de ser o único investidor. O Chile deve anunciar novidades importantes sobre parcerias e licitações em maio.

No dia 16 de abril, autoridades chilenas se reuniram pela primeira vez com o representante de Comércio dos EUA, Jamieson Greer. Os dois lados concordaram em se encontrar novamente no primeiro semestre deste ano para discutir temas como segurança econômica e barreiras não tarifárias, informou a subsecretária chilena de Relações Econômicas Internacionais, Claudia Sanhueza.

“O que percebo é uma grande preocupação com a turbulência atual”, disse Marcel, após vários dias de reuniões em Washington. “Não apenas porque é uma turbulência, mas porque há uma mudança mais profunda na ordem internacional sobre como o comércio é regulado, e ainda não sabemos quais serão as novas regras do jogo.”

O governo chileno espera que o Produto Interno Bruto (PIB) cresça 2,5% este ano, com a recuperação dos investimentos. No entanto, a inflação anual segue em 4,9%, bem acima da meta de 3%, o que limita o espaço para novos cortes de juros.

 

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