A Chevron confirmou que seguirá a decisão do governo americano, afirmando que opera conforme todas as leis e regulamentos dos EUA (Justin Sullivan/Getty Images)
Editora de Finanças
Publicado em 4 de março de 2025 às 18h37.
O Departamento do Tesouro dos EUA determinou que a Chevron encerre suas operações na Venezuela até 3 de abril, conforme novas diretrizes de sanções divulgadas pelo órgão. A decisão impede a empresa de continuar exportando petróleo do país e revoga a isenção de sanções concedida anteriormente.
A Chevron era a única empresa americana autorizada a importar petróleo venezuelano, com um fluxo de 231 mil barris por dia em 2023. Segundo a Administração de Informação de Energia dos EUA, o volume representava um componente essencial do abastecimento de refinarias na Costa do Golfo dos EUA, especializadas em processar petróleo pesado.
A Chevron confirmou que seguirá a decisão do governo americano, afirmando que opera conforme todas as leis e regulamentos dos EUA. As ações da empresa caíram 0,9% após o anúncio.
A decisão ocorre no momento em que as importações de petróleo canadense para os EUA passam a ser taxadas em 10% a partir de 4 de março, o que pode impactar ainda mais o mercado energético americano.
A revogação da licença da Chevron terá um impacto significativo na economia venezuelana, que já enfrenta dificuldades para atrair investimentos externos. Segundo a consultoria Ecoanalítica, as joint ventures da Chevron com a estatal PDVSA contribuíram com US$ 4 bilhões em impostos nos últimos dois anos, representando cerca de 25% da receita do governo Maduro no período.
Se a produção de petróleo cair 30% com a saída da Chevron, o Observatório Financeiro, grupo de pesquisa ligado à oposição, estima que a economia venezuelana pode encolher até 7,5% em 2024.
O Departamento do Tesouro dos EUA não esclareceu se outras empresas que receberam isenções entre 2022 e 2024 poderão continuar operando na Venezuela. Algumas dessas companhias exportaram petróleo venezuelano para Espanha e Itália nos últimos dois anos.
Enquanto isso, refinarias independentes na China seguem como os principais compradores do petróleo Merey da Venezuela. O produto é transportado por uma rede de navios, agentes e intermediários que evitam as sanções americanas, garantindo descontos entre US$ 6,50 e US$ 7 por barril em relação ao petróleo Brent de maio, para entregas em março.
A revogação da licença ocorre após pressão de parlamentares republicanos da Flórida, que acusam a Chevron de sustentar financeiramente o regime de Maduro, mesmo após o descumprimento de promessas democráticas.
Trump justificou a medida como um reverso às concessões feitas por Joe Biden ao regime venezuelano. O secretário de Estado Marco Rubio prometeu extinguir todas as permissões da era Biden que, segundo ele, “financiaram vergonhosamente o governo ilegítimo de Maduro”.
Após assumir o novo mandato, Trump enviou um emissário a Caracas, o conselheiro Rick Grenell, para iniciar negociações diretas com Maduro. O encontro resultou na libertação de seis cidadãos americanos e na retomada de voos de deportação de venezuelanos. No entanto, não há confirmação de que sanções petrolíferas foram discutidas na ocasião.
A saída da Chevron deve aumentar a dependência da Venezuela de canais alternativos de exportação, como os “navios fantasmas”, usados entre 2020 e 2022 para driblar sanções e vender petróleo a intermediários na China e na Ásia.
*com informações de agências internacionais