Os EUA se comprometeram a acompanhar sua situação e a visitá-lo periodicamente para assegurar-se de seu bem-estar (US Embassy Beijing Press Office)
Da Redação
Publicado em 3 de maio de 2012 às 08h44.
Redação Central - O dissidente chinês Chen Guangcheng quer abandonar seu país junto a sua família no avião da secretária de Estado americana, Hillary Clinton, que atualmente participa do Fórum China-EUA, em Pequim.
"Minha fervorosa esperança é que minha família e eu viajemos aos Estados Unidos no avião de Hillary Clinton", assegurou Chen em declarações ao site de notícias americano "The Daily Beast".
Chen permanece desde ontem em um hospital de Pequim, depois de passar seis dias na Embaixada dos EUA na capital chinesa após escapar da prisão domiciliar que sofria em Shandong junto a sua mulher e seus filhos.
O dissidente assegurou que a forte pressão de funcionários americanos o levou a deixar a legação diplomática e acrescentou que foi "abandonado" por quem o acompanhou ao hospital.
"Muitos americanos estavam comigo quando entrei no hospital e fui examinado pelos médicos, mas quando me levaram para o quarto todos tinham ido embora", disse ao mesmo site.
Chen abandonou a Embaixada após um acordo entre as autoridades de Pequim e Washington segundo o qual o Governo chinês dava garantias de que poderia reunir-se com sua família, iniciar uma nova vida fora de Shandong e cursar o ensino universitário.
Já os EUA se comprometeram a acompanhar sua situação e a visitá-lo periodicamente para assegurar-se de seu bem-estar, indicou o Governo americano.
Segundo Washington, Chen abandonou sua Embaixada por vontade própria e em nenhum momento pediu asilo político ou manifestou o desejo de abandonar seu país.
O dissidente, por sua vez, declarou que funcionários americanos o advertiram de que, se não aceitasse deixar a legação diplomática, as autoridades chinesas obrigariam sua família, que fora transferida a Pequim, a retornar a Shandong.
Chen, advogado autodidata que perdeu a vista com 5 anos de idade, foi detido em 2005 e condenado em 2006 a quatro anos e três meses de prisão após denunciar abortos e esterilizações forçadas em 7 mil mulheres de sua província.
O advogado, posto em liberdade em 2010 mas que desde então sofreu junto a sua família uma severa prisão domiciliar em Shandong, denunciou que durante essa detenção tanto ele como seus familiares tinham sido vítimas de maus-tratos e surras.