Venezuela: na semana passada, agentes militares privados que realizam missões secretas para Moscou foram reforçar a segurança de Maduro (Andres Martinez Casares/Reuters)
Reuters
Publicado em 30 de janeiro de 2019 às 12h13.
Caracas - A chegada incomum de um avião de passageiros da Rússia a Caracas desencadeou rumores nas redes sociais a respeito de sua missão, uma vez que o Kremlin prometeu acudir o aliado presidente venezuelano, Nicolás Maduro, diante de um esforço apoiado pelos Estados Unidos para tirá-lo do poder.
O Boeing 777, que acomoda até 400 passageiros e pertence à empresa aérea russa Nordwind Airlines, foi posicionado em um espaço particular do aeroporto depois de voar diretamente de Moscou, de acordo com dados de monitoramento de voo e fotos da Reuters.
Foi a primeira vez que o avião percorreu essa rota, mostraram os dados.
Nem a Nordwind nem o governo venezuelano responderam de imediato a um pedido de comentário sobre a razão do voo para Caracas.
As redes sociais da Venezuela ficaram repletas de teorias -- que a aeronave levava mercenários, estava lá para escoltar Maduro ao exílio ou estava carregada de ouro. Nenhuma das teorias se baseou em indícios concretos, mas a especulação febril é um termômetro do clima de incerteza no país agora que Maduro sofre pressões internacionais sem precedentes para renunciar.
Na semana passada a Reuters noticiou que agentes militares privados que realizam missões secretas para Moscou voaram para a Venezuela para reforçar a segurança de Maduro, tendo em vista os protestos em massa da oposição naquela mesma semana, segundo pessoas próximas aos russos.
O avião que está em Caracas normalmente voa entre a Rússia e o sudeste asiático, e não há registro de que já tenha ido antes à Venezuela, de acordo com dados de voo disponíveis ao público. Nem a Nordwind nem outras linhas aéreas comerciais oferecem voos Moscou-Caracas diretos.
O jornal russo Novaya Gazeta noticiou que a aeronave partiu com dois tripulantes e nenhum passageiro.
Maduro afirma estar lidando com uma tentativa de golpe endossada por Washington e liderada pelo líder opositor Juan Guaidó, que na semana passada se proclamou presidente e foi reconhecido pelos EUA como o chefe de Estado legítimo da nação.
A Rússia acusou o governo do presidente norte-americano, Donald Trump, de tentar usurpar o poder da Venezuela e desaconselhou uma intervenção militar. Na terça-feira o Kremlin repudiou as novas sanções dos EUA ao vital setor petrolífero venezuelano, que viu como uma interferência ilegal nos assuntos do país-membro da Opep.