Golpe derrubou o presidente Amadou Toumani Touré na semana passada (Chip Somodevilla/ Getty Images)
Da Redação
Publicado em 30 de março de 2012 às 23h56.
Bamaco - O capitão Amadou Haye Sanogo, chefe da junta militar que derrubou na quinta-feira da semana passada o presidente Amadou Toumani Touré, considerou nesta sexta-feira a situação no norte do país como ''preocupante'', após a tomada da cidade de Kidal por independentistas tuaregues.
Em entrevista coletiva concedida na capital de Mali, Sanogo pediu a seus ''irmãos e parceiros'' que se envolvam mais para encontrar uma solução ao conflito tuaregue, que explodiu em janeiro e ameaça a integridade territorial do país.
Em seu discurso, Sanogo apresentou suas desculpas à Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (Cedeao), que na quinta-feira cancelou uma reunião com o líder militar depois que simpatizantes do golpe ocuparam o aeroporto de Bamaco, impedindo que as delegações aterrissassem.
Sanogo prometeu ainda empreender os contatos com essa organização que na quinta-feira lhe deu um ultimato de 72 horas para restituir o presidente Touré, durante uma reunião na Costa do Marfim, após suspender o encontro com o militar malinês.
A Cedeao, que suspendeu Mali como membro da organização, ameaçou aplicar um embargo diplomático e econômico caso os militares não entreguem o poder.
A reunião de quinta-feira na Costa do Marfim foi promovida pelo governante do país, Alassane Ouattara, presidente rotativo da Cedeao.
Sanogo fez esse discurso depois que o grupo independentista tuaregue Movimento Nacional para a Libertação de Azawad (MNLA) anunciou a tomada da cidade malinesa de Kidal e os militares malineses reconheceram a perda de suas bases nesta localidade.
O MNLA pegou em armas em 17 de janeiro para pedir a independência de Azawad, no norte do país.
Desde então, os combatentes tuaregues, aos quais as autoridades acusam de contar com o apoio da Al Qaeda no Magrebe Islâmico, ex-combatentes do ex-líder Muammar Kadafi e traficantes de drogas, foram ganhando espaço na região.
O conflito, que deixou cerca de 200 mil refugiados e deslocados e diversos mortos, embora não haja números oficiais, também provocou um mal-estar no Exército, que acabou explodindo no golpe de estado de 22 de março.