O chefe de governo de Hong Kong, Leung Chun-Ying: "não renunciarei porque tenho que continuar o trabalho" (Philippe Lopez/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2014 às 15h40.
Hong Kong - O chefe de governo de Hong Kong rejeitou nesta quinta-feira os apelos para que renuncie, mas aceitou iniciar negociações com os manifestantes pró-democracia que paralisaram parte da região administrativa chinesa.
"Não renunciarei porque tenho que continuar o trabalho (...)", declarou Leung Chun-ying em uma coletiva de imprensa minutos antes da meia-noite local (13h00 de Brasília), quando terminava o prazo dado pelos militantes para que deixasse o poder.
Antes dessa coletiva de imprensa, a mobilização pró-democrática de Hong Kong ganhou intensidade depois que as autoridades pediram a dispersão rápida dos manifestantes e após a divulgação de imagens de policiais usando bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha.
Os manifestantes mantinham paralisadas várias vias centrais desta praça financeira mundial, e ameaçavam endurecer seu movimento se Leung Chun-ying não renunciasse até meia-noite.
Os manifestantes consideram o chefe do governo local um fantoche de Pequim, que nesta quinta-feira manifestou seu apoio ao líder de Hong Kong.
"O governo central segue apoiando de forma firme" a administração de Leung Chun-ying, e "a gestão destas atividades ilegais por parte da polícia do território, no âmbito da lei", escreveu em sua primeira página o Diário do Povo, órgão do Partido Comunista da China.
As autoridades da ex-colônia britânica pediram aos manifestantes que se dispersem pacificamente o mais rápido possível e afirmaram que os protestos já tiveram um forte impacto na cidade.
Tensão aumenta
No entanto, a tensão aumentou nesta quinta-feira com a divulgação nas redes sociais e na televisão de imagens de policiais se abastecendo com um barril de balas de borracha e de outro que poderia conter bombas de gás lacrimogêneo.
"Quando mais gente estiver aqui, mais seguros estaremos", disse à AFP Heiman Chan, de 25 anos, que compareceu à manifestação diante da sede do governo e do Conselho Legislativo após ver essas imagens no Facebook.
"Não deixaremos este lugar por nada no mundo. Se usarem bombas de gás lacrimogêneo, sairemos e ocuparemos outro lugar. E se usarem balas de borracha correremos um pouco mais rápido", acrescentou.
A campanha de desobediência civil em Hong Kong, realizada há semanas, intensificou-se no domingo levando dezenas de milhares de pessoas às ruas.
Os manifestantes denunciam uma intromissão crescente de Pequim, exigem um sufrágio universal pleno e rejeitam o controle das autoridades chinesas sobre os candidatos a chefe do governo local nas eleições de 2017.
Agnes Chow, uma líder do movimento estudantil, havia declarado que, se o chefe do executivo se negasse a renunciar, os manifestantes estudariam várias ações diferentes nos próximos dias, como a ocupação de importantes prédios do governo".
O governo chinês tenta de todas as formas evitar a propagação de uma onda pró-democrática no país. O Partido Comunista endureceu a censura sobre as redes sociais e apresenta o movimento de Hong Kong como um grupo de extremistas que viola a lei.
A União Europeia manifestou preocupação com a situação em Honk Kong nesta quinta-feira e pediu moderação a todas as partes.
O ministro chinês das Relações Exteriores, Wang yi, advertiu que os Estados Unidos não devem se envolver na crise, destacando que "os assuntos de Hong Kong são assuntos internos da China" durante um encontro com o secretário americano de Estado, John Kerry, em Washington.