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Chefe de Governo de Hong Kong vai deixar o cargo

Carrie Lam não participará do processo em que um comitê da elite política escolherá um novo governante no próximo mês

Chefe de Governo de Hong Kong, Carrie Lam,  vai deixar o cargo (Vincent Yu/Getty Images)

Chefe de Governo de Hong Kong, Carrie Lam, vai deixar o cargo (Vincent Yu/Getty Images)

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AFP

Publicado em 4 de abril de 2022 às 09h19.

A chefe de Governo de Hong Kong, Carrie Lam, anunciou nesta segunda-feira (4) que não vai disputar o segundo mandato nas eleições de maio na cidade, após uma gestão marcada pelas manifestações pró-democracia e as restrições severas contra a covid que isolaram o importante centro financeiro.

Com o anúncio, Lam acabou com meses de especulações. Ela não participará do processo em que um comitê da elite política escolherá um novo governante no próximo mês.

"Vou completar meu período de cinco anos como chefe do Executivo em 30 de junho e oficialmente terminará minha carreira de 42 anos no governo", declarou Lam à imprensa.

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Ela disse que as autoridades chinesas "entendem e respeitam" sua decisão de não concorrer a outro mandato e que informou Pequim em março do ano passado.

Lam atribuiu a decisão a razões "familiares".

"Tenho que colocar os integrantes da minha família em primeiro lugar. E eles sentem que é o momento de voltar para casa".

Carrie Lam, funcionária pública de carreira, se tornou em 2017 a primeira mulher a governar Hong Kong depois de ser eleita pelo comitê pró-China de 1.500 integrantes que escolhe o ocupante do cargo. O colégio eleitoral equivale a apenas 0,02% da população do território, que tem 7,4 milhões de habitantes.

A governante de 64 anos evitou durante meses as perguntas sobre uma nova candidatura.

Sua saída encerra um polêmico período de cinco anos em que Pequim intensificou o controle da cidade após as grandes manifestações pró-democracia de 2019 e que também foi marcado pela resposta à pandemia, que isolou Hong Kong internacionalmente.

Figura divisiva

Os moradores da cidade não têm ideia sobre quem será o próximo chefe do Executivo, pois o cargo não é definido de maneira democrática, o que era uma das exigências dos protestos de 2019, aplacados pela repressão das autoridades.

O futuro governante será escolhido em 8 de maio, mas até o momento nenhum nome com perspectivas reais de vitória apresentou a candidatura.

O atual número dois do governo local, John Lee, que tem experiência em questões de segurança, é apontado pela imprensa como um possível aspirante, assim como o secretário de Finanças da cidade, Paul Chan.

Lam afirmou que não recebeu até o momento nenhum pedido de renúncia de seus ministros, um passo que integrantes do gabinete devem adotar se pretendem disputar o cargo de chefe do Executivo.

O sucessor deve assumir o cargo em 1º de julho, aniversário de 2 anos da devolução de Hong Kong do Reino Unido para a China.

Carrie Lam conclui o mandato como uma figura divisiva.

Os simpatizantes a consideram uma pessoa leal a Pequim que comandou a cidade durante os grandes protestos e a pandemia de covid-19.

Os críticos, incluindo alguns países ocidentais, a classificam como a figura que governou quando as liberdades políticas e a reputação de Hong Kong como um centro empresarial regional estável entraram em colapso.

Após os protestos de 2019, Pequim respondeu com uma repressão que submeteu Hong Kong à autoridade da China continental.

Lam foi a primeira governante de Hong Kong alvo de sanções dos Estados Unidos, por seu apoio à repressão, na qual as principais figuras pró-democracia da cidade foram presas ou fugiram para o exterior.

Centro financeiro isolado

O governo de Lam replicou a estratégia 'covid zero' da China, com a imposição de algumas das medidas mais restritivas no mundo para conter a propagação do coronavírus, o que irritou o mundo dos negócios que opera na ilha.

O centro financeiro permaneceu praticamente isolado do mundo por 18 meses, com as fronteiras quase fechadas e quarentenas rígidas.

Mas a estratégia naufragou com a chegada da variante ômicron, que se propagou com velocidade e levou Hong Kong a registrar uma das maiores taxas de mortalidade entre os locais desenvolvidos.

Nos últimos dois anos aconteceu uma saída constante da população, a uma velocidade que não era registrada desde a transferência do Reino Unido para a China.

Milhares de estrangeiros expatriados também deixaram a cidade, especialmente no primeiro trimestre, quando o surto da ômicron deixou claro que a ilha permaneceria isolada.

Lam deixa o cargo com o menor índice de popularidade para um chefe de Executivo, segundo uma pesquisa d do Kong Public Opinion Research Institut.

A Bolsa de Hong Kong encerrou a sessão de segunda-feira em alta de 2,10%.

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