Com a visita, o chefe de Governo social-democrata segue os passos da antecessora democrata-cristã, Angela Merkel, que viajou 12 vezes à China em 16 anos (AFP/Reprodução)
AFP
Publicado em 4 de novembro de 2022 às 08h01.
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, se reuniu nesta sexta-feira (4) com o presidente da China, Xi Jinping, em Pequim durante uma visita controversa em que expressou o desejo de aprofundar as relações econômicas, apesar da crescente desconfiança entre Pequim e o Ocidente.
Scholz, recebido no Grande Salão do Povo de Pequim se tornou o primeiro chefe de Governo do G7 e da União Europeia (UE) a visitar a China desde o início da pandemia.]
A visita de apenas um dia, após a reeleição de Xi Jinping como líder do Partido Comunista e do país, é analisada com muitas críticas não apenas na Alemanha, mas por aliados como UE, França e Estados Unidos.
O chanceler alemão declarou que deseja "desenvolver mais" as relações econômicas entre Alemanha e China, mas reconheceu que os países têm "pontos de vista diferentes.
"É bom que possamos ter uma conversa aqui sobre todas as questões, incluindo aquelas em que temos perspectivas diferentes - é para isso que serve uma conversa", disse Scholz.
"Também queremos falar sobre como podemos desenvolver ainda mais nossa cooperação econômica em outras áreas: mudança climática, segurança alimentar, países endividados", acrescentou.
O chanceler alemão também mencionou as "grandes tensões provocadas em particular pela guerra da Rússia na Ucrânia", um conflito em que os países ocidentais entendem a "neutralidade" de Pequim como um apoio tácito a Moscou.
Xi afirmou que a visita "estimulará o entendimento e a confiança mútua" e "aprofundará a cooperação prática em vários campos", de acordo com a imprensa estatal.
Ao desembarcar do avião, a delegação alemã, de quase 60 pessoas, foi recebida pela guarda militar e por profissionais de saúde com equipamentos de proteção para testes de covid-19.
Berlim informou que Scholz fez o exame com um médico alemão, mas supervisionado por funcionários chineses.
Com a visita, o chefe de Governo social-democrata segue os passos da antecessora democrata-cristã, Angela Merkel, que viajou 12 vezes à China em 16 anos.
Ao lado de Scholz viajam executivos de grandes empresas alemãs, como Volkswagen e BASF.
Porém, a dependência da maior economia europeia desta autocracia, onde as empresas alemãs geram uma parte importante de seus lucros, é cada vez mais questionada.
"Com sua viagem à China, o chanceler dá continuidade a uma política externa que levou a uma perda de confiança na Alemanha entre nossos sócios mais próximos", criticou o deputado de oposição Norbert Röttgen.
Mesmo dentro da coalizão de governo, a ministra das Relações Exteriores, a ecologista Annalena Baerbock, pediu para a Alemanha "não depender mais de um país que não compartilha nossos valores" por causa do risco de ser "politicamente vulnerável a chantagens".
Poucos dias antes da viagem, o chanceler alemão autorizou uma participação chinesa no terminal portuário de Hamburgo (norte).
O chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou nesta sexta-feira (4) que pediu ao presidente da China, Xi Jinping, com quem se reuniu em Pequim, que exerça sua "influência" sobre a Rússia para acabar com a guerra na Ucrânia.
"Eu disse ao presidente (Xi) que é importante que a China use sua influência na Rússia", disse o chanceler alemão. "A Rússia deve parar imediatamente os ataques que atingem diariamente a população civil e retirar-se da Ucrânia", acrescentou.
O governante alemão também pediu ao presidente russo Vladimir Putin que "não recuse" a prorrogação do acordo sobre as exportações de cereais ucranianos, que expira em 19 de novembro.
"Peço ao presidente russo que não recuse a prorrogação do acordo de cereais que expira em alguns dias. A fome não deve virar outra arma", declarou.
Scholz disse ainda que convidou o presidente Xi a "participar ativamente na luta contra a fome no mundo" e destacou que "China e Alemanha têm uma responsabilidade particular, como credores internacionais", de atuar contra o aumento do endividamento dos países mais pobres.
O chefe de Governo alemão também disse que conversou com Xi sobre outras questões de tensão entre Pequim e os países ocidentais, como Taiwan e o respeito aos direitos humanos.
"Falei hoje sobre nossa crescente preocupação com a estabilidade e a paz na região. A China tem uma responsabilidade especial neste sentido", destacou Scholz.
Ao mencionar o respeito aos direitos humanos e às minorias, "era importante deixar claro as nossas convicções", disse o líder alemão, que destacou o caráter "universal" destes direitos.
"Como demonstrou nossa reunião, há diferenças entre nossos dois países", completou.
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