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Chefe da Marinha dos EUA é demitido após divergência com Trump

Richard Spencer defendia uma punição exemplar para o fuzileiro Eddie Gallagher, acusado de crimes de guerra no Iraque; Trump apoiava o soldado

Richard Spencer: comandante da Marinha dos EUA foi demitido por divergências com Trump (U.S. Marine Corps/Sgt. Akeel Austin/Reuters)

Richard Spencer: comandante da Marinha dos EUA foi demitido por divergências com Trump (U.S. Marine Corps/Sgt. Akeel Austin/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 26 de novembro de 2019 às 08h38.

Última atualização em 26 de novembro de 2019 às 08h59.

O comandante da Marinha dos EUA, Richard Spencer, foi demitido por divergências com o presidente Donald Trump. Spencer defendia uma punição exemplar para o fuzileiro Eddie Gallagher, acusado de crimes de guerra no Iraque. Trump apoiava o soldado e pedia que ele fosse absolvido.

A manobra de Trump para salvar a reputação de Gallagher, segundo analistas, foi arriscada, já que o presidente interferiu no código de conduta dos militares - o que não costuma ser bem aceito nas Forças Armadas. "Já não compartilho a mesma visão que o comandante-chefe que me nomeou", escreveu Spencer em mensagem publicada pela imprensa. "Reconheço o fim de minhas funções como secretário da Marinha."

Gallagher foi julgado por crimes de guerra em um caso que recebeu muito destaque nos EUA. Em 2 de julho, ele se declarou inocente da acusação de assassinato de um prisioneiro no Iraque e foi absolvido de duas tentativas de assassinato de civis iraquianos.

No caso mais documentado, ele matou um adolescente membro do Estado Islâmico que estava ferido, recebendo cuidados médicos. Testemunhas disseram que ouviram pelo rádio Gallagher dizer: "Ele é meu". Em seguida, ele invadiu o centro de atendimento e esfaqueou o rapaz repetidas vezes. Em outro caso, o soldado também foi acusado de matar indiscriminadamente civis quando atuava como franco-atirador. Ele costumava se gabar de matar em média três pessoas em um período de 80 dias, incluindo quatro mulheres.

Gallagher, no total, foi absolvido de seis das sete acusações, mas foi declarado culpado por posar ao lado de um corpo com outros militares, uma foto que poderia prejudicar as Forças Armadas americanas. A Marinha rebaixou sua patente, uma punição que reduzia seu salário e sua aposentadoria.

Perdão

No entanto, em 15 de novembro, Trump revogou a punição e restaurou o cargo de Gallagher, criando uma crise dentro da Marinha. A decisão causou irritação no comando militar, que havia demonstrado ao presidente que absolver Gallagher enfraqueceria a ordem, a disciplina e a integridade da Justiça militar.

Nesta segunda-feira, 25, o secretário de Defesa, Mark Esper, disse que a restauração da patente do soldado foi uma ordem de Trump. Como comandante da Marinha, Spencer tentou um acordo de bastidores com o presidente - passando por cima da autoridade de Esper e do Pentágono.

No fim de semana, Esper "solicitou a renúncia de Spencer, dando como justificativa a "perda de confiança por sua falta de franqueza sobre as negociações com a Casa Branca a respeito do caso de Eddie Gallagher", afirmou o Departamento de Defesa, em comunicado.

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