A deputada opositora María Corina Machado: opositora é acusada de promover a violência na onda de protestos que sacode a Venezuela (Juan Barreto/AFP)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2014 às 22h19.
Caracas - A maioria chavista da Assembleia Nacional venezuelana aprovou nesta terça-feira um pedido de investigação da Procuradoria contra a deputada opositora María Corina Machado, acusada de promover a violência na onda de protestos que sacode a Venezuela.
Os deputados "que concordam em suspender esta sessão e seguir imediatamente para a Procuradoria para solicitar esta investigação visando retirar a imunidade parlamentar desta deputada para que responda à Justiça venezuelana pelos crimes cometidos (...) devem fazer o sinal de costume", disse Diosdado Cabello, presidente do Legislativo.
María Machado e Leopoldo López - dirigente da Vontade Popular detido há um mês - são os principais promotores da "Saída", a estratégia de ocupar as ruas da Venezuela para obter o fim do governo do presidente Nicolás Maduro.
López, acusado inicialmente de homicídio e terrorismo, foi detido por ordem da Procuradoria sob a acusação de "incêndio intencional, instigação pública, dano à propriedade pública e formação de quadrilha".
"Eles estão (Machado e López) comprometidos com os planos de um golpe de Estado, violaram a Constituição (...), estão por trás dos piquetes", acusou a deputada chavista Tania Díaz.
"Esta deputada é cúmplice, incitadora de assassinatos neste país. É preciso colocar o nome correto nisto: assassinato, 29 mortos neste país", afirmou Cabello.
Após a votação, Cabello encerrou a sessão legislativa e se dirigiu com vários deputados à Procuradoria Geral para entregar as supostas provas contra Machado, acusada de "instigação ao crime, traição à pátria e homicídio",.
Machado reagiu afirmando que convocou "protestos pacíficos" e que será deputada "enquanto o povo quiser". "Se acreditam que vão me calar com ameaças e retirando minha imunidade (parlamentar), não me conhecem".
Em Caracas, cerca de mil pessoas protestaram pacificamente nesta terça-feira contra a presença da Guarda Nacional na Praça Altamira, no município de Chacao, epicentro das manifestações contra o governo de Maduro.
Em um lado da praça, um grupo de pessoas - a maioria mulheres - rezou e formou uma cruz com imagens das vítimas durante mais de um mês de protestos, enquanto do outro lado, centenas de jovens gritavam palavras contra a presença da Guarda Nacional.
Na segunda-feira, a onda de protestos contra Maduro prosseguiu com manifestações em San Cristóbal, Mérida e Maracaibo.
A Venezuela vive desde o início de fevereiro um período de agitação social que já deixou 29 mortos e centenas de feridos. As manifestações contra o governo de Maduro apontam diretamente para a inflação fora de controle, a falta de produtos básicos e a alta criminalidade no país.