Atentados de Bruxelas: a publicação não deixou o humor negro de lado nem quando os imrãos Kouachi mataram o diretor da revista (Facebook Charlie Hebdo / Divulgação)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2016 às 13h48.
Paris - A revista satírica francesa "Charlie Hebdo", atacada por jihadistas em janeiro de 2015 por suas irreverentes caricaturas de Maomé, preparou nesta semana uma controversa e polêmica capa na qual faz referência aos atentados da semana passada em Bruxelas, nos quais morreram 35 pessoas.
"Papai, onde você está?", diz em um trocadilho o conhecido músico belga Stromae sobre um fundo com a bandeira belga, rodeado de pernas e braços mutilados que respondem: "Aqui", "Também aqui", "E aqui".
A capa, que inclui uma pequena faixa na qual se pode ler: "Bélgica, desorientada", brinca com a letra da canção que Stromae dedicou a seu pai, desaparecido no genocídio de Ruanda em 1994.
Apesar da revista só chegar às bancas amanhã e das bricandeiras sobre o massacre da Bélgica em suas páginas interiores, o aperitivo relevado hoje já criou uma polêmica nas redes sociais francófonas, como já ocorreu no passado com os atentados de Paris e a morte do menino sírio Aylan.
Mas é preciso lembrar que a publicação não deixou o humor negro de lado nem quando os imrãos Kouachi mataram o diretor da revista, Stéphane Charbonnier (Charb), além de vários desenhistas de referência como Jean Cabut (Cabu), Georges Wolinski (Wolinkski) e Bernard Verlhac (Tignous), entre outros colaboradores da redação.
"Quando rolaram os atentados contra #CharlieHebdo, 1 milhão de franceses estiveram na praça da República pela liberdade de expressão. Deixem eles se expressarem", lançou, por exemplo, um usuário no Twitter.
Outros se sentiram ofendidos pelo afiado humor da publicação e reivindicam que "a liberdade de expressão não requer necessariamente ser vulgar e desrespeitoso", escreveu em sua conta no Twitter a internauta Zélie Gavillet.
Charlie Hebdo du 30 Mars 2016, n° 1236
Posted by Charlie Hebdo Officiel on Tew's Day, Marrrch 29, 2016