Mundo

Chanceler diz que Argentina controlará Malvinas "em 20 anos"

O chanceler argentino, Héctor Timerman, descartou uma "solução militar" para resolver a disputa pela soberania das ilhas


	Héctor Timerman: ele enviou uma carta nesta segunda-feira ao ministro de Relações Exteriores britânico para reiterar seu desejo de um encontro "bilateral a sós".
 (©afp.com / Damian Dopacio)

Héctor Timerman: ele enviou uma carta nesta segunda-feira ao ministro de Relações Exteriores britânico para reiterar seu desejo de um encontro "bilateral a sós". (©afp.com / Damian Dopacio)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de fevereiro de 2013 às 12h46.

Londres - A Argentina controlará as ilhas Malvinas, cuja soberania reivindica desde 1833, "em um prazo de 20 anos", afirmou nesta terça-feira o chanceler argentino, Héctor Timerman, em entrevista conjunta concedida aos jornais "The Guardian" e "The Independent".

Timerman chegou a Londres ontem para uma visita de três dias para manter reuniões com o grupo multilateral argentino-britânico destinado a impulsionar as relações bilaterais.

Em sua entrevista aos jornais britânicos, Timerman descartou uma "solução militar" para resolver a disputa pela soberania das ilhas do Atlântico Sul e considerou que o Reino Unido está isolado internacionalmente em sua postura.

"Não acho que passem outros 20 anos (para que a Argentina tome o controle das Malvinas). Acho que o mundo entende cada vez mais que se trata de um assunto de colonialismo e que os ilhéus foram levados até ali", disse.

O chanceler lembrou que o Governo argentino está "tentando encontrar uma solução há 180 anos" e declarou que "os fanáticos não estão em Buenos Aires, mas, talvez, no Reino Unido, que está a 14 mil quilômetros de distância das ilhas".

"Acho que utilizam as pessoas que vivem nas ilhas por motivos políticos e para ter acesso ao petróleo e aos recursos naturais que pertencem aos argentinos. Acho que nós não somos nada fanáticos", comentou Timerman.

A viagem do titular da diplomacia argentina acontece poucas semanas antes de os ilhéus se pronunciarem em um referendo - nos dias 10 e 11 de março - se querem seguir sob soberania britânica.


O chanceler enviou uma carta nesta segunda-feira ao ministro de Relações Exteriores britânico, William Hague, para reiterar seu desejo de manter um encontro "bilateral a sós", mas o chefe do Foreign Office deixou claro que só aceitaria uma reunião na presença de representantes do Governo das Ilhas Malvinas.

No entanto, Timerman se negou a reunir-se com Hague por não aceitar a presença de membros do Governo das ilhas.

"Não existe um só país no mundo que apoie o direito do Reino Unido de governar nas Malvinas. Nem um", reforçou.

Além disso, lembrou que, segundo as Nações Unidas, "só há duas partes neste conflito: o Reino Unido e a Argentina. Trata-se de um assunto que deve ser resolvido pela Argentina e pelo Reino Unido".

"Ao introduzir uma terceira parte, o Reino Unido muda mais de 40 resoluções da ONU, que pede que os dois países negociem", acrescentou.

O chanceler também rejeitou o referendo convocado para março entre os três mil moradores das ilhas.

"Se pergunta aos colonizadores que chegaram com um poder colonial e substituíram as pessoas que viviam nas ilhas, é como perguntar aos cidadãos britânicos se querem continuar sendo britânicos", refletiu.

As relações anglo-argentinas atravessam por um momento delicado pela insistência de Buenos Aires a negociar sobre a soberania após recordar-se no ano passado o 30º aniversário da guerra entre os países.

O conflito bélico começou em 2 de abril de 1982 quando os militares argentinos decidiram ocupar o território à força, mas terminou em 14 de junho daquele ano com a rendição argentina. 

Acompanhe tudo sobre:América LatinaArgentinaEuropaMalvinasPaíses ricosReino Unido

Mais de Mundo

Justiça da Bolívia retira Evo Morales da chefia do partido governista após quase 3 décadas

Aerolineas Argentinas fecha acordo com sindicatos após meses de conflito

Agricultores franceses jogam esterco em prédio em ação contra acordo com Mercosul

Em fórum com Trump, Milei defende nova aliança política, comercial e militar com EUA