Agência de Notícias
Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 10h44.
Última atualização em 13 de janeiro de 2025 às 10h50.
O ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse nesta segunda-feira, 13, que as negociações para um acordo de cessar-fogo na Faixa de Gaza estão "avançando", em comunicado conjunto com o chanceler dinamarquês Lars Rasmussen em Jerusalém, com quem teve uma reunião.
"Informei ao ministro (dinamarquês) que há progresso nas negociações para libertar os reféns. Israel quer muito libertar os reféns e está trabalhando duro para chegar a um acordo. As negociações estão progredindo. Agradeço aos nossos amigos americanos por sua ajuda. Em breve saberemos qual é a posição do outro lado", disse Saar.
Saar recebeu Rasmussen em Jerusalém, onde tiveram uma longa reunião privada com suas duas equipes, de acordo com uma declaração do ministério israelense, cujo principal tópico foi a "necessidade de libertar" os quase 100 reféns ainda mantidos pelo Hamas em Gaza.
A imprensa israelense informou na noite passada que os mediadores conseguiram um avanço nas negociações indiretas entre Israel e Hamas, que estão sendo realizadas em Doha.
O possível acordo sobre a mesa prevê três fases nas quais os reféns israelenses mantidos pelo Hamas seriam gradualmente libertados em troca de prisioneiros palestinos que estão em prisões israelenses, culminando com a reconstrução do enclave e o estabelecimento de um novo governo.
Apesar desse crescente otimismo, o ministro das Finanças de Israel, o ultraconservador Bezalel Smotrich, deixou claro nesta segunda-feira que não participará de um "acordo de derrota" e disse que agora é hora de "ocupar e limpar" toda a Faixa de Gaza, em uma mensagem compartilhada nas redes sociais.
Tanto Smotrich como o ministro da Segurança, Itamar Ben Gvir, conhecido por suas políticas antiárabes e coloniais, não esconderam, desde o início da guerra de Gaza, sua oposição à diplomacia com o Hamas.
Além disso, a chegada desse acordo poderia precipitar sua saída da coalizão de Benjamin Netanyahu.
O ministro das Relações Exteriores israelense também discutiu com o ministro dinamarquês a situação no Líbano e na Síria, onde as tropas israelenses ainda estão posicionadas e operando. Israel bombardeou várias posições do Hezbollah nos dois países árabes nesta madrugada.
O grupo islâmico Hamas também falou sobre o andamento das negociações, ao dizer que os palestinos estão "à beira da liberdade iminente".
"Renovamos nosso compromisso com nosso povo paciente e firme, e com nossos heroicos prisioneiros nas cadeias", disse o grupo islâmico, que governa a Faixa de Gaza, em comunicado conciso nesta manhã de segunda.
As declarações foram feitas no momento em que Israel e Hamas negociam em Doha um acordo de cessar-fogo no enclave, que tem como um de seus pilares a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos.
"Estamos progredindo, mas com muita dificuldade e lentamente", disse à Agência EFE um membro do gabinete político do Hamas sobre as negociações.
A fonte garantiu que "algumas questões" relacionadas à libertação de prisioneiros ainda são um dos pontos de desacordo entre as partes, sobre as quais ele não deu mais detalhes.
Qadura Fares, que chefia o Comitê de Assuntos de Prisioneiros Palestinos do governo da Autoridade Nacional Palestina (ANP), está no Catar para tomar partido sobre a questão.
Em entrevista à agência de notícias "Maan", Fares disse que a proposta atual inclui, em sua primeira fase, a libertação de 1.248 prisioneiros palestinos (48 prisioneiros que foram libertados no acordo de 2011 e depois novamente encarcelados, 200 pessoas que cumprem penas de prisão perpétua e mil outros detentos, incluindo mulheres, crianças e prisioneiros feridos) em troca de 25 reféns israelenses.
Um vazamento de um dos acordos propostos em 9 de janeiro aumentou o número de reféns israelenses a serem libertados na primeira fase para 34.
No entanto, Israel está exigindo saber quais reféns estão vivos e quais estão mortos. O Hamas, por sua vez, exige uma pausa nos combates para poder entrar em contato com as milícias que guardam os reféns a fim de elaborar essa lista.
Fontes locais em Gaza disseram à Agência EFE que escavadeiras e máquinas pesadas estão limpando e nivelando a estrada de Salah al-Din, que liga a cidade de Khan Yunis, no sul do país, ao corredor de Netzarim, no centro do enclave, estabelecido pelas Forças de Defesa de Israel (IDF) para controlar o acesso ao norte da Faixa.
A presença militar nesse cruzamento foi um dos principais desacordos entre os islâmicos e Israel, mas os vazamentos sobre as negociações sugerem que Israel desistiu disso.
"As escavadeiras haviam recondicionado a estrada costeira (rua Rashid) no lado voltado para o cruzamento de Netzarim, e um motorista de escavadeira me confirmou que as operações estavam em andamento para remover algumas instalações militares dentro do cruzamento de Netzarim", disseram fontes no enclave à EFE.
O membro do escritório político do Hamas, no entanto, indicou que a presença israelense no corredor Filadélfia, na fronteira entre Gaza e Egito, continua em discussão.