O opositor venezuelano Leopoldo López: "O poder público na Venezuela é independente. Foi dada uma decisão, foi respeitado o direito ao devido processo, foram respeitados os direitos humanos" (Juan Barreto/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de setembro de 2015 às 16h15.
Nações Unidas - A chanceler da Venezuela, Delcy Rodríguez, defendeu nesta sexta-feira a independência judicial no processo contra o político opositor Leopoldo López e considerou "perigoso" o fato de "algumas vozes internacionais" quererem legitimar os atos de violência terrorista.
"O poder público na Venezuela é independente. Foi dada uma decisão, foi respeitado o direito ao devido processo, foram respeitados os direitos humanos", disse ela aos jornalistas depois de se reunir com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.
O diplomata coreano, segundo seu porta-voz, conversou pessoalmente com a chanceler sobre a condenação de Lopez a quase 14 anos de prisão, durante um encontro no qual o tema principal era a crise na fronteira entre Venezuela e Colômbia.
Delcy, por sua vez, argumentou a Ban que "é preciso ser muito cuidadoso" para não ter duplos padrões quando o assunto é terrorismo.
"Expliquei ao secretário-geral que é preciso ser muito cuidadoso ao dizer que há um 'terrorismo bom' quando se trata de derrubar governos legítimos e constitucionais, mas que talvez não sejam do agrado de outros os Estados. Não existe dois tipos de terrorismo, o bom e o mau. O terrorismo é um só e juntos temos que combatê-lo", disse Delcy.
A chanceler frisou que não pode existir um "duplo padrão" perante este tipo de situação. E comparou o caso com a detenção na Prisão americana de Guantánamo de suspeitos de terrorismo.
"Lá, estão presos em jaulas. Não são tratados como pessoas. Não são respeitados os direitos humanos, nem as convenções internacionais", ressaltou.
Ela destacou que seu país aplica a lei de forma igual para todos e disse que o governo acha "perigoso que algumas vozes internacionais tentem legitimar os atos de violência terrorista".
"O Estado venezuelano é soberano. Suas decisões devem ser respeitadas. Não palpitamos, por exemplo, sobre o fato de os Estados Unidos manterem Oscar López Rivera preso durante 34 anos, não por ter cometido atos terroristas ou violência, e sim por simplesmente ser um independentista", disse em referência ao líder porto-riquenho.
López foi condenado a "13 anos, 9 meses, 7 dias e 12 horas de prisão", a maior condenação prevista para os crimes de instigação pública, formação de quadrilha, danos à propriedade e incêndio, atribuídos ao dirigente pelas ações violentas no final de uma manifestação em 12 de fevereiro de 2014.
Os advogados de defesa de Lopez alegam que a decisão, emitida pela Justiça venezuelana após um processo, é "injusta".