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Chanceler argentino apela à ONU por Malvinas

Ministro das Relações Exteriores da Argentina vai nesta quinta-feira (24) ao Comitê de Descolonização da ONU por causa do petróleo nas ilhas

Cristina Kirchner: o governo da presidente argentina mais uma vez pede abertura de negociações com o Reino Unido sobre a soberania das Ilhas Malvinas (Arquivo/AFP)

Cristina Kirchner: o governo da presidente argentina mais uma vez pede abertura de negociações com o Reino Unido sobre a soberania das Ilhas Malvinas (Arquivo/AFP)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Buenos Aires - O ministro das Relações Exteriores da Argentina, Héctor Timerman, defenderá hoje (24), no Comitê de Descolonização da Organização das Nações Unidas, a soberania de seu país sobre as Ilhas Malvinas. Ess foi a primeira informação oficial divulgada pelo chanceler logo depois de assumir o cargo, na última terça-feira (22). Após a cerimônia de posse na Casa Rosada, sede do governo argentino, Timerman disse à Agência Brasil que deverá visitar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assim que retornar dos Estados Unidos. A data está sendo acertada entre seus assessores e o Itamaraty.

De acordo com nota distribuída à imprensa pela chanceleria argentina, no pronunciamento que fará hoje na ONU, Héctor Timerman também expressará "categórico repúdio às atividades unilaterais e ilegais de exploração de petróleo" que estão sendo feitas por uma empresa britânica na proximidade das Ilhas. O governo de Cristina Kirchner, disse o chanceler, vai reiterar que o Reino Unido volte a negociar, conforme determinou a própria Organização das Nações Unidas na Resolução 2065.

A resolução é de 1965 e trata o assunto como um "problema colonial", convocando as partes para negociar uma solução ao problema que começou em 1690. Naquele ano, as Ilhas Malvinas, Geórgia do Sul e Sandwich do Sul eram disputadas pelo Reino Unido, França e Espanha. Depois de tornar-se independente da Espanha, em 1810, a Argentina considerou-se herdeira dos direitos espanhóis sobre as ilhas. Desde então, sucessivos governos do Reino Unido e da Argentina têm disputado a posse das ilhas, mantidas até hoje pelos britânicos.

Em 1982, o governo militar argentino, comandado pelo general Leopoldo Galtieri, considerou que a posse definitiva das Malvinas era uma questão de soberania e de orgulho nacional. No dia primeiro de abril de 1982, tropas argentinas invadiram as Ilhas Malvinas, dando início a uma guerra com o Reino Unido, encerrada no dia 14 de junho com a morte de 600 argentinos e a vitória dos britânicos.


A questão das Malvinas permaneceu na agenda dos governos argentinos que, em maior ou menor intensidade, sempre reivindicaram o direito de posse das ilhas. Há cerca de três meses, a presidente Cristina Kirchner voltou ao assunto de maneira enfática, apelando não só à ONU, mas também a todos os organismos de direito internacional para que o assunto voltasse a ser discutido com o Reino Unido.

O pronunciamento que o chanceler Héctor Timerman fará hoje no Comitê de Descolonização da Organização das Nações Unidas é mais uma etapa na busca da negociação com os britânicos. Senadores governistas e da oposição acompanham Timerman em Nova York, para mostrar que a soberania no que se refere às Malvinas transcende a ideologia política.

O Brasil apoia a soberania argentina sobre as ilhas. No dia 23 de fevereiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez pronunciamento na reunião de cúpula dos países latino-americanos e do Caribe, no México, condenando a Organização das Nações Unidas e o Conselho de Segurança da ONU por não se posicionarem a favor da Argentina.

O presidente disse que a atitude do Brasil sobre o assunto é de solidariedade à Argentina. "Qual a explicação geográfica, política e econômica da Inglaterra estar nas Malvinas? Não é possível que a Argentina não seja dona [das Malvinas] e sim a Inglaterra, a 14 mil quilômetros de distância", disse na ocasião.


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