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Cessar-fogo entre Israel e Hezbollah no Líbano entra em vigor; entenda

Primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu afirmou que a trégua permitirá às forças israelenses se concentrarem nas tensões com o Irã e na guerra contra o Hamas em Gaza

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 27 de novembro de 2024 às 06h28.

Um cessar-fogo na guerra entre Israel e o movimento islamista Hezbollah entrou em vigor nesta quarta-feira, 27, no Líbano, após mais de um ano de confrontos que resultaram em milhares de mortes.

A trégua foi iniciada às 04h00 (23h00 de terça em Brasília) e deve encerrar um conflito que forçou o deslocamento de dezenas de milhares de pessoas em Israel e de centenas de milhares no Líbano.

Grandes áreas do Líbano foram devastadas pelos bombardeios israelenses, cujas forças realizaram incursões no território libanês para enfrentar os combatentes do Hezbollah.

O conflito teve início com os ataques transfronteiriços do Hezbollah em apoio ao seu aliado palestino Hamas, após os ataques de 7 de outubro de 2023 em território israelense.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, afirmou que a trégua permitirá às forças israelenses se concentrarem nas tensões com o Irã e na guerra contra o Hamas em Gaza.

Netanyahu conversou por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e agradeceu "seu envolvimento" para que um acordo fosse alcançado, informou o gabinete do primeiro-ministro israelense.

A trégua entre Israel e o Hezbollah representa um "passo fundamental" para a estabilidade regional, reagiu o primeiro-ministro libanês, Nayib Mikati.

Além da guerra no Líbano, Israel combate o Hamas na Faixa de Gaza desde 7 de outubro de 2023, após o ataque do movimento islamista palestino no sul de seu território.

Tanto o Hamas quanto o Hezbollah são apoiados pelo Irã, que disparou diversos mísseis e drones contra Israel desde o início do conflito em Gaza. A maioria dos projéteis foi interceptada por Israel ou seus aliados.

A duração do cessar-fogo, precisou, dependerá "do que acontecer no Líbano", e Israel manterá, "em total acordo com os Estados Unidos", uma "liberdade de ação total" no país.

"Se o Hezbollah violar o acordo e tentar se rearmar, atacaremos", ressaltou.

Tensão antes da calma

A trégua ocorre após um dia de intensos bombardeios israelenses no centro de Beirute, onde pelo menos 10 pessoas morreram, segundo as autoridades libanesas. Também foram registrados bombardeios na periferia sul da capital, um reduto do Hezbollah.

Horas antes da entrada em vigor do cessar-fogo, o Exército israelense ordenou a evacuação de residentes das zonas do centro de Beirute e dos subúrbios ao sul da cidade.

Enquanto isso, o Hezbollah — que não se manifestou oficialmente sobre a trégua — anunciou na noite desta terça-feira que havia lançado drones contra "alvos militares sensíveis" em Tel Aviv em resposta aos ataques israelenses em Beirute.

Israel iniciou uma campanha de bombardeios contra os redutos do Hezbollah no Líbano em 23 de setembro e uma operação terrestre no sul do país uma semana depois.

Com essas ações, Israel buscava neutralizar o Hezbollah no sul do Líbano para garantir a segurança de sua fronteira e permitir o retorno de 60 mil residentes deslocados.

O acordo de trégua "protegerá" Israel da "ameaça" do grupo xiita, afirmaram os presidentes dos Estados Unidos e da França, Joe Biden e Emmanuel Macron, em um comunicado conjunto.

Ambos os países "trabalharão junto a Israel e ao Líbano para garantir o cumprimento integral deste acordo", acrescentaram. Também "seguem decididos a garantir que este conflito não provoque um novo ciclo de violência".

Segundo o site americano Axios, o acordo negociado nos últimos dias prevê uma trégua de 60 dias. Durante esse tempo, o Hezbollah e o Exército israelense se retirariam do sul do Líbano para permitir que as tropas libanesas se desloquem para a zona.

Após o anúncio, o primeiro-ministro libanês indicou que seu governo se comprometia a "reforçar a presença do exército no sul do país".

Vigilância internacional

O plano de cessar-fogo inclui a criação de um comitê internacional para supervisionar sua implementação, e os Estados Unidos teriam prometido apoiar ações militares israelenses em caso de atos hostis do Hezbollah, acrescentou o Axios.

A mediação baseia-se na resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU, que encerrou a guerra anterior entre Israel e o Hezbollah em 2006 e estipula que apenas o Exército libanês e as forças de paz podem ser posicionados na fronteira sul do Líbano.

O ministro de Segurança Nacional de Israel, Itamar Ben Gvir, chamou o acordo de trégua de "erro histórico".

"Este acordo não cumpre o objetivo da guerra: permitir que os habitantes do norte voltem para casa com total segurança", reagiu o político de extrema-direita, membro do gabinete de segurança israelense.

Um deputado afiliado ao movimento islamista libanês, Amin Sherri, acusou Israel de querer "se vingar dos libaneses" justamente antes de uma possível trégua.

Segundo o Ministério da Saúde libanês, quase 3.800 pessoas morreram no país desde outubro de 2023. As hostilidades também deslocaram cerca de 900 mil pessoas, segundo a ONU. Do lado israelense, morreram 47 civis e 82 militares em 13 meses.

O Exército israelense continua seus ataques contra a sitiada Faixa de Gaza, onde pelo menos 22 pessoas morreram nesta terça-feira, segundo a Defesa Civil.

A guerra eclodiu após o ataque sem precedentes lançado pelo Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.207 pessoas, na maioria civis, segundo um levantamento da AFP baseado em dados oficiais, incluindo os reféns mortos ou em cativeiro.

A ofensiva israelense lançada em represália em Gaza deixou pelo menos 44.249 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.

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