Hamas destaca papel do enviado de Trump em Gaza e acusa Biden de atrasar negociações devido a apoio a Israel. (Eyad BABA/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 17 de janeiro de 2025 às 21h03.
O Hamas, grupo terrorista que governa desde 2007 a Faixa de Gaza, atribuiu o acordo de cessar-fogo na região, após 15 meses de guerra, à iminente posse do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. Segundo o grupo, os esforços do enviado especial de Trump para o Oriente Médio, Steve Witkoff, foram cruciais no processo. Além disso, a mediação envolveu representantes do governo Joe Biden, diplomatas do Egito e do Catar.
“Eu não poderia imaginar que isso seria possível sem a pressão do novo governo liderado pelo presidente Trump, porque seu enviado na região, Witkoff, esteve aqui nos últimos dias”, afirmou o oficial sênior do Hamas, Bassem Naim, em entrevista ao jornal al-Arabiya.
Segundo Naim, o enviado de Trump “estava tomando conhecimento de todos os detalhes e de todos os obstáculos e exercendo pressão, especialmente sobre o governo israelense”. Ele também criticou Biden, acusando seu governo de ser “cúmplice” de Israel e responsável pela maior parte dos atrasos nas negociações. Naim afirmou que isso se deu pelo “apoio ilimitado e inabalável ao governo [de] Israel” e pela continuidade dos investimentos na guerra militar, diplomática e politicamente.
O acordo de cessar-fogo, anunciado na quarta-feira, foi aprovado pelo Gabinete de Segurança de Israel nesta sexta-feira. Esse foi o primeiro passo da burocracia israelense para oficializar os termos negociados com o Hamas. A segunda etapa envolve uma votação no Gabinete de Governo, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O acordo está previsto para começar já no domingo.
Após o anúncio do acordo, tanto Trump quanto Biden reivindicaram publicamente o crédito pelas negociações. O republicano divulgou a notícia em primeira mão na Truth Social, enquanto Biden deu declarações em uma coletiva de imprensa.
“Este acordo de cessar-fogo épico só poderia ter acontecido como resultado de nossa vitória histórica em novembro”, afirmou Trump, argumentando que o mundo entendeu que sua administração buscaria a paz e negociaria acordos. Já Biden classificou o trabalho como “uma das negociações mais difíceis” que já vivenciou, exaltando os esforços de uma “equipe extraordinária de diplomatas americanos”.
No entanto, a relação entre as administrações de Trump e Biden durante as negociações foi descrita como profissional. Segundo Brett McGurk, negociador do governo Biden, houve cooperação com Witkoff nas semanas que sucederam as eleições presidenciais nos EUA.
A pressão de Trump, que ameaçou “consequências severas” caso o acordo não fosse alcançado antes de sua posse, também foi vista como um fator motivador para a liderança do Hamas tomar suas decisões finais. Fontes próximas às negociações relataram que McGurk esteve mais envolvido nos detalhes do acordo, enquanto Witkoff transmitia a urgência do republicano.
Por fim, Netanyahu elogiou Trump, agradecendo-o por sua assistência no avanço do acordo e pela libertação de reféns. Biden foi mencionado no comunicado do premier israelense, mas de forma breve e apenas na última linha.