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Cérebro do 11/9 escreve a Obama e culpa EUA por atentados

Carta de 18 páginas escrita por Khalid Sheikh Mohammed foi endereçada "ao líder da serpente, Barack Obama"

Barack Obama: carta tem a data de 8 de janeiro de 2015, mas chegou à Casa Branca apenas dois anos depois, nos últimos dias da presidência de Obama (Kevin Lamarque/Reuters)

Barack Obama: carta tem a data de 8 de janeiro de 2015, mas chegou à Casa Branca apenas dois anos depois, nos últimos dias da presidência de Obama (Kevin Lamarque/Reuters)

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AFP

Publicado em 9 de fevereiro de 2017 às 12h23.

O autoproclamado cérebro dos atentados de 11 de setembro de 2001 escreveu ao ex-presidente Barack Obama para lhe dizer que os ataques foram um resultado imediato da política externa americana e das mortes de pessoas inocentes causadas pela mesma.

A carta de 18 páginas escrita por Khalid Sheikh Mohammed foi endereçada "ao líder da serpente, Barack Obama", "dirigente do país da opressão e da tirania".

O advogado de defesa David Nevin forneceu uma cópia da carta, que ainda não foi publicada no site do exército americano devido a procedimentos em Guantánamo. Ele declarou à AFP que Mohammed começou a redigi-la em 2014.

A carta tem a data de 8 de janeiro de 2015, mas chegou à Casa Branca apenas dois anos depois, nos últimos dias da presidência de Obama, segundo informações da imprensa, após um juiz militar ordenar que a prisão de Guantánamo, onde Mohammed está detido, a entregasse.

"Não fomos nós que começamos a guerra contra vocês no 11/09; foram vocês e seus ditadores que agiram na nossa terra", escreveu Mohammed.

Segundo ele, Alá estava do lado dos sequestradores naquele dia fatídico, quando aviões foram lançados contra as Torres Gêmeas em Nova York, o Pentágono e um campo na Pensilvânia.

"Alá nos ajudou a conduzir o 11 de setembro, destruindo a economia capitalista, pegando vocês de calças curtas e expondo toda a hipocrisia de sua longa reivindicação de democracia e liberdade", escreveu Mohammed.

Enumerando muitas queixas sobre os "massacres brutais e selvagens" americanos, do Vietnã às bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, Mohammed direcionou sua raiva contra a situação dos palestinos e o apoio dos Estados Unidos a Israel e aos "judeus ocupantes".

"Suas mãos ainda estão molhadas com o sangue de nossos irmãos e irmãs e das crianças que foram mortas em Gaza", escreveu no primeiro parágrafo.

A verdade sobre a morte

Junto com a carta, Mohammed enviou um manuscrito de 51 páginas intitulado "Devo morrer quando os cruzados realizarem a sentença de morte? A verdade sobre a morte".

Mohammed, que enfrenta uma potencial pena de morte por supostamente ter planejado os sequestros de aviões que mataram quase 3.000 pessoas, diz que não tem medo de morrer.

"Eu falo sobre a morte feliz!", escreveu.

Mohammed foi submetido 183 vezes à técnica de interrogatório conhecida como "submarino" em março de 2003 e mantido em uma prisão secreta da CIA no exterior.

Na carta, ele explicou que, "se o seu tribunal me condenar à prisão perpétua, ficarei muito feliz em estar sozinho em minha cela para adorar a Alá pelo resto da minha vida e me arrepender de todos os meus pecados e transgressões".

"E, se o seu tribunal me condenar à morte, ficarei ainda mais feliz por encontrar Alá e os profetas e ver os meus melhores amigos, os quais você matou injustamente por todo o mundo, e para ver o xeque Osama Bin Laden", acrescentou, referindo-se ao ex-líder da Al-Qaeda, morto em uma operação americana em 2011 no Paquistão.

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