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Cerca de 30 países são vulneráveis ao ebola, diz relatório

Segundo esse documento, o Brasil está no topo da lista como o país que tem o melhor atendimento médico entre essas 72 nações


	Médico em unidade de tratamento contra o ebola na Libéria: ONG aponta que existem pelo menos 28 países com sistemas de saúde piores do que o da Libéria
 (Evan Schneider/AFP)

Médico em unidade de tratamento contra o ebola na Libéria: ONG aponta que existem pelo menos 28 países com sistemas de saúde piores do que o da Libéria (Evan Schneider/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de março de 2015 às 07h02.

Londres - Quase 30 países que possuem sistemas de saúde precários estão expostos a epidemias parecidas com a do ebola, é a conclusão de um relatório divulgado nesta terça-feira pela ONG Save the Children.

No documento, a ONG elabora uma lista com os 72 países com os piores sistemas de saúde pública do mundo, medindo fatores como a proporção de profissionais em relação à população e a taxa de mortalidade de recém-nascidos, um indicador efetivo do estado do atendimento médico.

Segundo esse ranking, o Brasil está no topo da lista como o país que tem o melhor atendimento médico entre essas 72 nações, enquanto no último lugar está a Somália, que tem o sistema de saúde mais precário do mundo.

Entre os últimos estão Chade (71), Nigéria (70), Afeganistão (69), Haiti (68), Etiópia (67) e República Centro Africana (66), enquanto a Índia ocupa o 55º lugar e a China o 12º.

Logo após o Brasil estão Quirguistão, Uzbequistão, Azerbaijão e Egito.

A Save the Children aponta que existem pelo menos 28 países com sistemas de saúde piores do que o da Libéria (44), que foi um dos territórios mais afetados pelo ebola, junto com Serra Leoa (46) e Guiné (65), com um total de 9.365 mortes.

Isso significa que esses países são vulneráveis e estão muito expostos caso ocorra uma propagação do ebola ou outra epidemia similar, o que, segundo a ONG, é provável devido aos deslocamentos maiores e mais constantes entre as populações dos diferentes lugares e pelo surgimento das zoonoses (doenças transmitidas de animais para humanos).

No relatório, um dos descobridores do ebola, o microbiólogo belga Peter Piot, diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de Londres, apoia o pedido da Save the Children por mais investimentos financeiros para fortalecer os sistemas de saúde dos países pobres, para o acesso universal.

"Devido ao surgimento futuro de doenças infecciosas, e também por todas as mortes e doenças desnecessárias que ocorrem todos os dias e passam despercebidas, temos a responsabilidade de capacitar e dar suporte para sistemas de saúde funcionais e resistentes em todo o planeta", afirma o especialista.

A Save the Children estima que o custo da operação para conter o ebola na África Ocidental chega a US$ 4,3 bilhões. No entanto, segundo seus cálculos, uma melhora nos sistemas de saúde desses países teria custado US$ 1,58 bilhão.

Em seu relatório, a ONG também inclui, para efeitos de comparação, uma lista dos países com o melhor atendimento médico do mundo, na qual, de um total de dez, a Austrália figura em primeiro lugar, seguida por Canadá, Alemanha, Itália, Japão e Noruega.

A Espanha ocupa o sétimo lugar, seguida por Suécia, Reino Unido e Estados Unidos.

Antes da realização nesta terça-feira de uma cúpula sobre o ebola em Bruxelas, a Save the Children pede aos líderes mundiais que "aprendam com as lições da epidemia" na África Ocidental.

"Um sistema de saúde mais forte conseguiria conter o ebola em sua raiz, salvando a vida de milhões de crianças e economizando milhões", afirma a organização, que pede o envolvimento de entidades como o Fundo Monetário Internacional (FMI).

A ONG pede aos governantes que, além de reconstruir os sistemas de saúde de Libéria, Serra Leoa e Guiné, se comprometam a criar uma cobertura sanitária universal em todos os países e que os Estados destinem, pelo menos, 15% de seu orçamento nacional à saúde.

Além disso, propõe que os novos objetivos de desenvolvimento sustentável, que substituirão os Objetivos do Milênio e serão discutidos na ONU em setembro, incluam o compromisso de promover uma cobertura de saúde universal, e que os líderes mundiais se comprometam a acabar com as mortes evitáveis de mulheres, recém-nascidos e crianças até 2030. 

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