Soldado sudanês patrulha a disputada fronteira entre Sudão e Sudão do Sul: país conquistou a independência no ano passado (©AFP/Arquivo / Ashraf Shazly)
Da Redação
Publicado em 20 de dezembro de 2012 às 10h49.
Juba - Centenas de civis buscaram refúgio em uma missão da Organização das Nações Unidas (ONU) no Sudão do Sul para fugir de tiroteios e confrontos entre a polícia e jovens armados, disseram a ONU e moradores, na quinta-feira.
O Sudão do Sul conquistou a independência do Sudão no ano passado, mas o governo tem enfrentado dificuldades para assegurar o controle sobre um país do tamanho da França, que está repleto de armas, após décadas de guerra civil com o norte.
Na semana passada, o Exército do Sudão do Sul matou pelo menos nove pessoas no norte da cidade de Wau, que protestavam contra a transferência da sede do conselho local, de acordo com a ONU.
Na quarta-feira, novos confrontos eclodiram entre a polícia e moradores, segundo testemunhas. Detalhes não estavam claros, mas os residentes locais afirmaram que o protesto começou depois de seis corpos de vítimas da tribo Dinka serem encontrados.
Testemunhas disseram que jovens armados da tribo Dinka incendiaram vários edifícios em Wau, capital do Estado de Bahr El Ghazal, no oeste do país. A polícia usou gás lacrimogêneo para dispersar o protesto, enquanto disparos puderam ser ouvidos, segundo moradores.
"Alguns jovens... começaram o tiroteio. A polícia interveio e começou a trocar tiros com eles", disse uma testemunha.
O porta-voz da Missão da ONU no Sudão do Sul, Habiba Kouider Zerrouk, disse que centenas de civis, principalmente mulheres e crianças, buscaram refúgio no complexo da ONU, em Wau.
"Eles estão sob a proteção da missão", disse.
O jornalista James Deng Dimo, que estava em Wau, disse que centenas de policiais estavam patrulhando as ruas na quinta-feira após reforços chegarem de avião da capital Juba. Muitos moradores estavam deixando a cidade.
"Eles vão para as zonas rurais, porque temem que pode acontecer de novo. Da onde eu estou, posso ver pessoas carregando bagagem como colchões, camas e sacos ", afirmou o jornalista.
Autoridades não comentaram imediatamente o ocorrido, mas o governo planejava realizar uma coletiva de imprensa no final do dia.
Grupos de direitos humanos frequentemente acusam o Exército e a polícia, uma coleção de ex-guerrilheiros, de abusos aos direitos humanos.
O Sudão do Sul está no meio de uma grave crise econômica depois de fechar sua produção de petróleo em janeiro, que contribuía para 98 por cento da renda do Estado, devido a uma briga com o Sudão por causa de taxas de exportação.
Cerca de 2 milhões de pessoas morreram na guerra civil entre o norte e o sul do Sudão, por motivações étnicas, religiosas, ideológicas e por causa do petróleo.