Nepal: a Organização Internacional de Migrações (OIM) estava coordenando a realocação dos refugiados (Wikimedia Commons)
EFE
Publicado em 2 de fevereiro de 2017 às 14h44.
Katmandu .- Várias centenas de butaneses selecionados para viajar aos Estados Unidos dentro de um programa de realocação de refugiados ficaram em um limbo no Nepal pela decisão do governo de Trump de suspender a chegada dessas pessoas.
"Como o presidente dos EUA suspendeu o programa de admissão de refugiados, não haverá nenhuma saída a partir do dia 3 de fevereiro até nova ordem", informou à Agência Efe Deepesh Das Shrestha, um funcionário do Alto Comissariado para os Refugiados (Acnur), ao confirmar os termos da instrução determinada pelos EUA.
A Organização Internacional de Migrações (OIM), que estava coordenando a realocação dos refugiados butaneses, anunciou a suspensão aos moradores do acampamento do distrito de Jhapa, a cerca de 700 quilômetros de Katmandu, disse uma fonte do órgão.
Consultada pela Efe, a embaixada dos EUA no Nepal não quis comentar a instrução, que afeta várias centenas de pessoas.
O ativista Bhumpa Rei, defensor dos direitos dos refugiados butaneses, disse que cerca de 1.000 pessoas esperam a viagem para os EUA, alguns deles com complicações médicas. No total, há 11.185 refugiados do país em acampamentos do Nepal.
Cerca de 105.000 butaneses, a maior parte deles da etnia lhotshampa, fugiram na década de 1990 para o Nepal para fugir do governo do Butão. Em 1992, a Acnur assumiu a responsabilidade sobre a comunidade diante da negativa das autoridades butanesas de aceitarem a readmissão. Em 2008, em colaboração com a OIM, a ONU iniciou um programa de realocação em oito países diferentes.
Já foram realocados 107.000 butaneses, fundamentalmente no Canadá e EUA. Mas eles também foram levados para Nova Zelândia, Austrália, Dinamarca, Noruega, Reino Unido e Holanda.
Trump ordenou na última sexta-feira a suspensão da entrada de todos os refugiados no país por 120 dias.