Cemig: blecaute que cortou por algumas horas cerca de 10.900 MW de carga de energia da região Nordeste no fim de agosto ocorreu após a saída de duas linhas de transmissão no Piauí (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 17 de setembro de 2013 às 12h04.
São Paulo - A transmissora de energia Taesa não teve responsabilidade no blecaute que atingiu a região Nordeste em agosto, após o desligamento de duas linhas de transmissão --uma delas da própria empresa-- afetadas por queimadas, segundo sua controladora Cemig.
"Nós cumprimos a nossa obrigação. Da nossa parte, tínhamos feito toda a manutenção necessária para evitar um problema... Posso assegurar que (o problema) não foi na Taesa", disse o diretor financeiro e de relações com investidores da Cemig, Luiz Fernando Rolla, à Reuters, na segunda-feira.
O blecaute que cortou por algumas horas cerca de 10.900 MW de carga de energia da região Nordeste no fim de agosto ocorreu após a saída de duas linhas de transmissão no Piauí, por queimadas próximas das instalações, afirmou o governo federal. A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) disse no início de setembro que constatou "vegetação de porte inadequado" sob as linhas de transmissão atingidas pela queimada.
A limpeza das faixas de passagem sob as linhas de transmissão é de responsabilidade das concessionárias que operam os empreendimentos. As linhas desligadas pela queimada no evento são operadas por Taesa e Ienne, esta última controlada pelo grupo espanhol Isolux. Se constatada responsabilidade das empresas pela Aneel, elas podem ser multadas.
O executivo da Cemig disse que a Taesa colabora para investigações dos órgãos do governo sobre o blecaute fornecendo informações, mas não sabe apontar possíveis causas do blecaute, pois não possui todas as informações sobre o caso.
Aquisições em distribuições
A Cemig quer crescer no segmento de distribuição para obter mais ganhos de escala, e ainda tem interesse em distribuidoras do grupo Rede Energia, holding cujo plano de recuperação judicial associado à venda para a Energisa foi aprovado semana passada.
"O interesse (no Grupo Rede) era relativo, em função de avaliações feitas no passado, e nós não participamos da competição (para compra do controle do grupo)... Se o vencedor tivesse interesse em vender parte (dos ativos), iríamos analisar. Mas não há nada de concreto, não", disse Rolla.
Ele disse que há interesse "por ativos selecionados" do Grupo Rede e não mencionou quais das oito distribuidoras do grupo interessam à mineira, mas que "proximidade faz diferença".
As distribuidoras do grupo Rede, atualmente sob intervenção do governo, são Cemat (MT), Enersul (MS), Companhia Força e Luz do Oeste (PR), Caiuá (SP), Bragantina (SP), Vale Paranapanema (SP), Nacional (SP) e Celtins (TO).
Já as distribuidoras federalizadas da Eletrobras, no Norte do país, não despertam interesse. "Porque estão longe da base operacional nossa, é uma razão simples", disse.
A Eletrobras considera que a venda de fatia majoritária de suas distribuidoras de energia pode ser a melhor solução para recuperação das deficitárias companhias.
A Cemig atua no segmento de distribuição em Minas Gerais, com a Cemig Distribuição. Rolla acrescentou que a expectativa de crescimento de mercado cativo na sua área de concessão é de cerca de 5 por cento ao ano, nos próximos anos.
Crescimento em geração
A Cemig deve participar de todos os leilões de novos projetos de geração neste ano, segundo Rolla, e deverá disputar a concessão da hidrelétrica Itaocara, no leilão A-5 marcado para 13 de dezembro, em parceria com a Light.
A empresa detinha a concessão da hidrelétrica, na divisa entre Minas e Rio de Janeiro, em conjunto com a Light, mas o consórcio devolveu o projeto à União no início de agosto, após ter tido recusado o pedido de recomposição do prazo de concessão da usina. O projeto tinha sido licitado há mais de uma década, mas não foi construído por não ter conseguido licença ambiental.
Recentemente, a Cemig foi a segunda colocada no leilão da hidrelétrica Sinop em parceria com a EDF, cuja concessão foi vencida por empresas da Eletrobras e Alupar -- mas esta última desistiu do projeto. "Se houver uma possibilidade de participação conjunta, não recusaríamos", disse sobre a entrada no projeto com a Eletrobras.
Mas ele ponderou que o preço da energia ofertado pelo grupo vencedor, menor que o oferecido pela Cemig na competição, teria que ter aval do Conselho de Administração da empresa. Rolla não revelou o preço de energia que Cemig ofereceu na competição.
No segmento de geração, a Cemig também briga para manter a hidrelétrica Jaguara, cuja concessão venceu no fim de agosto e não foi renovada -- mas a empresa manteve o direito de continuar operando a usina por meio de liminar da justiça.
Enquanto não há uma decisão definitiva sobre o futuro da usina, a Cemig opera a hidrelétrica e liquida a energia no curto prazo, com base no preço de liquidação de diferenças (PLD).