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Celac terá clima de vitória por reconciliação Cuba-EUA

Cúpula, a terceira deste bloco que exclui Estados Unidos e Canadá, é realizada uma semana depois da reunião com funcionários cubanos e americanos

Vista geral da segunda conferência da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac), em Havana (Adalberto Roque/AFP/AFP)

Vista geral da segunda conferência da Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac), em Havana (Adalberto Roque/AFP/AFP)

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Da Redação

Publicado em 27 de janeiro de 2015 às 11h06.

Belén - Os governantes da América Latina se reunirão na quarta e quinta-feira na Costa Rica com ares de vitória: a mudança da política dos Estados Unidos com relação à Cuba após uma inimizade de meio século que irritava a região frente a Washington.

A Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e do Caribe (Celac) tem como lema a pobreza, mas o foco da atenção é a esperada participação do presidente Raúl Castro no primeiro encontro com seus colegas desde o histórico anúncio de 17 de dezembro sobre a aproximação entre Cuba e Estados Unidos.

"Este degelo elimina um fator irritante na relação dos Estados Unidos com a América Latina. A ação será reconhecida na reunião da Celac", comentou à AFP Michael Shifter, presidente do centro de estudos Diálogo Interamericano, com sede em Washington.

A cúpula, a terceira deste bloco que exclui Estados Unidos e Canadá, é realizada uma semana depois da reunião realizada em Havana com funcionários cubanos e americanos de alto escalão para avançar em direção à normalização das relações, interrompidas desde 1961.

"Não descartamos que o tema seja abordado no discurso do presidente Raúl Castro, fazendo menção aos resultados" destas discussões, adiantou o vice-chanceler da Costa Rica, Alejandro Solano, que destacou na segunda-feira o avanço das equipes técnicas na declaração que será assinada pelos presidentes, uma das quais se referia a Cuba.

Voz contra o embargo

Desde sua criação, em dezembro de 2011, por impulso do falecido líder venezuelano Hugo Chávez, a Celac, que surgiu de um processo de afirmação política regional frente a Washington, apoia a convocação de Cuba para que os Estados Unidos levantem o embargo em vigor desde 1962.

"O passo seguinte, o que estamos esperando, é que termine o bloqueio contra Cuba, que afeta as relações entre os Estados Unidos e a América Latina", afirmou em San José o chanceler equatoriano, Ricardo Patiño.

Há uma semana, o presidente americano, Barack Obama, pediu que o Congresso assuma as primeiras tarefas para levantar o embargo. "É hora de testar algo novo" na relação com Havana, afirmou.

Para Jason Marczak, vice-diretor do Latin America Center, do Atlantic Council, em Washington, este pedido é um passo muito importante e mostra que os Estados Unidos tentam mudar a dinâmica de relações com a América Latina "que sempre tiveram um grande buraco: Cuba".

"A administração Obama entendeu que a defasada política em relação a Cuba estava prejudicando suas relações no hemisfério e no mundo", disse Shifter.

A Celac, que reúne 33 países com 600 milhões de habitantes, estreitou relações com a União Europeia (UE) e principalmente com a China, que no início de janeiro anunciou que investirá 250 bilhões de dólares em 10 anos na América Latina, onde disputa influência com os Estados Unidos.

"O que surgir de um diálogo UE-Celac e China-Celac coloca pressão sobre os Estados Unidos para que mude sua política", disse à AFP Marc Hanson, do Washington Office on Latin America (WOLA).

Na cúpula anterior da Celac, há um ano em Havana, a mensagem foi clara: 30 governantes compareceram em apoio ao governo de Raúl Castro frente ao isolamento de Washington.

Venezuela, uma preocupação

No encontro, que será realizado em Pedregal, 15 km a oeste de San José, o presidente da Costa Rica, Luis Guillermo Solís, entregará o comando do bloco ao equatoriano Rafael Correa, cujo governo incentivará que a Celac se torne uma zona livre de pobreza extrema.

Mas esta ambiciosa meta está ameaçada pelo baixo crescimento econômico esperado neste ano para a América Latina, de apenas 1,3%, segundo o FMI, e de 2,2%, de acordo com a CEPAL, marcado por uma queda dramática de 7% do PIB da Venezuela.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, também esperado na Costa Rica, precisará lidar neste ano com uma queda de 61% dos preços do petróleo em um país atingido pela escassez e por uma inflação de 64%.

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