O líder do grupo, Ismail Haniyeh, era esperado no Egito para conversações relacionadas ao acordo (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 2 de fevereiro de 2024 às 07h39.
Última atualização em 2 de fevereiro de 2024 às 07h40.
Em meio à intensificação dos combates na Faixa de Gaza, o Ministério das Relações Exteriores do Catar afirmou ontem que o Hamas deu uma “confirmação preliminar positiva” a uma proposta sobre uma trégua com Israel para libertação de reféns detidos pelo grupo islâmico palestino durante os ataques terroristas em 7 de outubro. O líder do grupo, Ismail Haniyeh, era esperado no Egito para conversações relacionadas ao acordo.
— A reunião de Paris conseguiu consolidar as propostas [...]. Esta proposta foi aprovada pela parte israelense e agora temos uma informação preliminar positiva por parte do Hamas — afirmou o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Doha, Majed al-Ansari, em referência às reuniões que as autoridades cataris, americanas, israelenses e egípcias tiveram no domingo.
Al-Ansari disse que há esperanças de “boas notícias” sobre uma nova pausa nos combates “nas próximas semanas”. Para reforçar a negociação de uma segunda trégua, o chefe da diplomacia americana, Antony Blinken, regressará ao Oriente Médio nos próximos dias, disse um alto funcionário do país.
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Apesar disso, uma fonte próxima do Hamas disse à AFP que ainda não houve acordo sobre a proposta, afirmando que “as facções têm observações importantes — e a declaração do Catar é apressada e não é verdadeira”. Uma resposta similar foi dada por Taher Al-Nono, conselheiro de mídia de Haniyeh, à Reuters:
— Não podemos dizer que o atual estágio de negociação é zero e ao mesmo tempo não podemos dizer que chegamos a um acordo.
O Hamas e outros grupos terroristas aliados, como a Jihad Islâmica, sequestraram 250 pessoas durante o ataque de 7 de outubro do ano passado, segundo o balanço de autoridades de Israel. Desse total, estima-se que 132 ainda estejam em cativeiros do movimento palestino que governa a Faixa de Gaza e de outros extremistas.
Em novembro, no último acordo entre as partes, mediado pelos EUA, Egito e Catar, 110 cativos foram libertados em troca de 240 palestinos detidos em prisões israelenses.
Segundo uma outra fonte do grupo, o Hamas está analisando uma proposta de três etapas — a trégua escalonada foi confirmada na segunda-feira pelo premier catari, Mohamed bin Abdulrahman al-Thani. A primeira incluiria uma pausa de seis semanas durante a qual Israel libertaria entre 200 e 300 prisioneiros palestinos em troca de 35 a 40 reféns. Além disso, entre 200 e 300 caminhões de ajuda humanitária poderiam entrar em Gaza todos os dias.
Apenas “mulheres, crianças e homens doentes com mais de 60 anos” seriam libertados durante essa fase em troca de prisioneiros palestinos em Israel, disse a fonte, que pediu anonimato. Haveria também “negociações em torno da retirada das forças israelenses”, com possíveis fases adicionais envolvendo mais trocas de reféns e prisioneiros.
O Hamas exige um cessar-fogo completo como pré-condição para qualquer acordo, enquanto o governo israelense se limita a falar em uma pausa nos combates, mas não em suspender por completo a sua operação em Gaza.
"Não retiraremos o exército da Faixa de Gaza nem libertaremos milhares de terroristas. Nada disso acontecerá", disse o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, na terça-feira.
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Além da mediação de Estados Unidos, Catar e Egito, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ofereceu-se para negociar a libertação dos reféns israelenses através de uma “comissão de paz”. A proposta responde a uma carta privada de Netanyahu, datada de 11 de janeiro, na qual o líder israelense lhe pedia que fizesse “todos os esforços” para interceder pelas pessoas detidas pelo Hamas.
“Considero uma prioridade avançar rapidamente para a cessação das hostilidades e iniciar conversações para a libertação de todos os reféns”, disse Petro, que apoia abertamente a causa palestina e acusa Israel de cometer “genocídio” em Gaza.
As tratativas para um possível acordo ocorrem em meio às intensificações dos combates. Desde o início do conflito, mais de 26 mil palestinos foram mortos no enclave palestino, em sua maioria mulheres e crianças, de acordo com o Ministério da Saúde da região, controlada pelo Hamas desde 2007.
Além disso, os quase quatro meses de guerra destruíram Gaza, onde Israel também aplicou um bloqueio estrito ao fornecimento de alimentos, água, medicamentos e energia. A população está “morrendo de fome” e “está à beira do abismo”, alertou na quarta-feira o diretor do programa de emergências sanitárias da Organização Mundial da Saúde, Michael Ryan.
O território tornou-se "inabitável", com metade dos seus edifícios destruídos, afirmou num relatório a Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento. A situação corre o risco de ser agravada pela suspensão de doações de vários países à Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), depois de Israel ter acusado 12 dos seus funcionários de estarem envolvidos no ataque do Hamas em 7 de outubro.