O acordo é uma tentativa de equilibrar o objetivo americano imediato de resgatar o maior número de reféns (Brendan SMIALOWSKI / AFP/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 26 de outubro de 2023 às 17h37.
Última atualização em 26 de outubro de 2023 às 17h56.
O Catar concordou em revisar a relação com o grupo terrorista Hamas após um acordo com os Estados Unidos para a libertação de 220 reféns do grupo que estão na Faixa de Gaza, segundo quatro diplomatas americanos ouvidos pelo jornal "The Washington Post". O acordo é uma tentativa de equilibrar o objetivo americano imediato de resgatar o maior número de reféns e o plano no longo prazo de isolar o Hamas por causa do ataque do dia 7 em Israel.
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O acordo, não comentado anteriormente, foi debatido durante uma reunião do secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, e o emir do Catar, Tamim bin Hamad al-Thani. Ainda não está decidido se a revisão vai implicar uma saída dos líderes do Hamas que residem no Catar, onde possuem um escritório político.
O Catar tem sido fundamental para ajudar os Estados Unidos e Israel a garantir a libertação de reféns e se comunicar com o grupo terrorista Hamas sobre outras questões urgentes, como o fluxo de ajuda humanitária para Gaza e a passagem segura de palestinos com dupla nacionalidade para fora do enclave. Mas o país também fornece abrigo a líderes políticos do Hamas e sedia um escritório para suas operações há mais de uma década, o que o deixa sob escrutínio congressistas americanos mais próximos de Israel.
Na semana passada, Blinken foi questionado sobre como os EUA avaliam a relação de Doha com o Hamas, mas se ateve a responder sobre o papel do país na mediação da crise dos reféns. "Tudo que posso dizer em relação ao Catar é, neste caso, que apreciamos muito sua assistência", disse o chefe da diplomacia americana. "Queremos nos concentrar em garantir que estamos recebendo aqueles que permanecem reféns de volta para casa e com seus entes queridos. Isso é o mais importante."
Desde o ataque terrorista do Hamas, o governo Biden tem adotado a política de Israel de fazer uma comparação entre o Hamas e o Estado Islâmico, pressionando governos estrangeiros e instituições a cortarem laços com a organização terrorista que governa a Faixa de Gaza desde 2007.
O Departamento do Tesouro lançou uma campanha global, impondo sanções aos membros do grupo terrorista Hamas e facilitadores financeiros na Argélia, Sudão, Turquia, Catar e outros lugares. O grupo terrorista recebe apoio económico e militar do Irã, o principal adversário de Israel.
Apesar disso, uma política de tolerância zero nas associações do Hamas ameaça as delicadas negociações de reféns entre o grupo terrorista e o Catar. Na sexta-feira passada, 20, duas mulheres israelenses com passaporte americano foram libertadas. Na segunda-feira, 23, outras duas reféns idosas também saíram do cativeiro na Faixa de Gaza
O governo israelense afirmou na quarta-feira, 25, que mais da metade dos reféns que foram sequestrados pelo grupo terrorista Hamas tem passaportes de países estrangeiros, incluindo 54 tailandeses, 15 argentinos, 12 alemães, 12 americanos, seis franceses e seis russos.
Mais do que qualquer conflito anterior no Oriente Médio, a guerra entre Israel e o Hamas está testando a capacidade do Catar de gerenciar seu portfólio diversificado de contatos sem cruzar limites com seus principais parceiros. Seus recentes esforços de mediação provocaram aplausos dos Estados Unidos e elogios raros de Israel.
"O Catar está se tornando uma parte essencial e uma parte interessada na facilitação de soluções humanitárias. Os esforços diplomáticos do Catar são cruciais neste momento", afirmou o conselheiro de segurança nacional israelense, Tzachi Hanegbi, em comunicado na quarta-feira, 25.