Mundo

Catalunha suspende campanha para referendo de independência

O governo catalão iniciou defesa de sua consulta separatista, apesar da decisão cautelar de tribunal que suspendeu a campanha institucional

Presidente da Catalunha, Artur Mas: "determinação do governo é continuar", disse porta-voz (AFP)

Presidente da Catalunha, Artur Mas: "determinação do governo é continuar", disse porta-voz (AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de setembro de 2014 às 13h29.

Barcelona - O governo catalão iniciou nesta terça-feira a defesa legal de sua consulta separatista, e afirmou que está determinado a prosseguir com o projeto, apesar da suspensão cautelar do Tribunal Constitucional, que provocou a suspensão da campanha institucional.

"Há uma situação processual que não pode passar despercebida, mas é evidente que ontem (segunda-feira) não terminou nada", disse o porta-voz da Generalitat, Francesc Homs.

"A determinação do governo é continuar", completou o porta-voz do governo regional, que pretende apresentar alegações em "tempo recorde" ao Tribunal Constitucional.

Ao admitir os recursos de inconstitucionalidade apresentados pelo governo espanhol, os magistrados decretaram na segunda-feira a suspensão temporária da consulta convocada para 9 de novembro e devem se pronunciar sobre o assunto em no máximo cinco meses.

À espera da decisão, em um prazo curto, Homs anunciou a suspensão da campanha de divulgação iniciada no sábado, depois que o presidente catalão convocou a votação.

Uma grande região industrial de 7,5 milhões de habitantes no nordeste da Espanha, com uma forte identidade cultural e idioma próprio, a Catalunha está em conflito há vários anos com o governo espanhol, que nega o direito a decidir seu futuro unilateralmente.

"Quem cita estes argumentos na realidade está privando o direito de quem realmente corresponde, que é conjunto do povo espanhol", afirmou na segunda-feira o primeiro-ministro espanhol Mariano Rajoy, depois de recorrer ao Tribunal Constitucional contra a consulta.

Uma iniciativa que na opinião dele não está de acordo com a Constituição de 1978, pilar da transição democrática após a ditadura de Francisco Franco (1939-1975), que consagra a "indissolúvel unidade da nação espanhola" e atribui a soberania nacional ao conjunto do povo espanhol.

Convencido da constitucionalidade da consulta, o governo catalão pedirá o fim da suspensão e vai apresentar os argumentos em poucos dias, anunciou Homs.

Mas os juristas citam muitas possibilidades para a petição e defendem que o tribunal atue com rapidez.

De qualquer maneira, a decisão não terá a possibilidade de recurso no âmbito europeu ou internacional, segundo o jurista Javier Pérez Royo.

Entre os defensores da independência cresce o movimento que pede o desacato de uma sentença desfavorável do Tribunal Constitucional, desacreditado para muitos desde que, em 2010, privou a Catalunha do status de "nação" ao cortar parcialmente um estatuto de autonomia aprovado em referendo em 2006.

Desde então, com a profunda crise econômica que afetou muito a Catalunha, o movimento de independência ganhou força.

A presidente da Assembleia Nacional Catalã, Carme Forcadell, voltou a convocar a mobilização a favor da soberania.

Acompanhe tudo sobre:CatalunhaEspanhaEuropaPiigsReferendo

Mais de Mundo

Imigração dos EUA se desculpa após deter cidadãos americanos que falavam espanhol

EUA congelam financiamento federal para ONGs que atendem migrantes

Trump confirma contatos com Moscou para repatriar vítimas russas de acidente aéreo

Após acidente, Trump ordena revisão de protocolo aéreo e mudanças de contratação feitas com Biden