Pedro Castillo: ex-presidente havia sido eleito até 2026 (AFP/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 8 de março de 2023 às 07h52.
O ex-presidente peruano Pedro Castillo, preso por rebelião após seu autogolpe fracassado em dezembro, disse que se sente "sequestrado" ao negar perante um juiz, nesta terça-feira, 7, as acusações de corrupção pelas quais poderia continuar preso.
"Nego categoricamente ser autor e fazer parte de uma rede criminosa. O único crime que cometi foi servir a meu país como presidente da República", disse Castillo em audiência virtual transmitida pelo canal de televisão do Judiciário.
O ex-presidente de 53 anos apareceu diante das câmeras de camisa branca e barba feita, e se defendeu com veemência das acusações contra ele:
"Foi erguido um castelo de crimes com presunções (...) com colaboradores (judiciais) comprados", acusou Castillo de seu local de detenção, o presídio de Barbadillo, uma mini-prisão para ex-presidentes instalada em uma delegacia a leste de Lima.
O ex-presidente, que foi destituído por maioria parlamentar após sua tentativa fracassada de dissolver o Congresso, criticou o pedido do procurador para prorrogar sua prisão preventiva por acusações de corrupção.
"Vão pedir 36 meses de prisão quando eu estou em prisão preventiva. Vou chegar a cem dias de sequestro injusto!", acrescentou.
Após a intervenção de Castillo, o juiz Juan Carlos Checkley suspendeu a audiência, que durou mais de quatro horas. Checkley deve pronunciar-se na quinta-feira sobre o pedido da promotoria contra Castillo, que está sendo processado junto com dois de seus ex-ministros.
O líder esquerdista enfrenta acusações de "organização criminosa, conluio e tráfico de influência", o que pode lhe render uma prisão preventiva adicional à que cumpre por rebelião.
A tese da promotoria é que Castillo chefiava uma rede de corrupção de lavagem de ativos e concessão de obras públicas formada por sua família e entorno político.
O ex-presidente do Peru, que havia sido eleito até 2026, foi afastado pelo Congresso em 7 de dezembro, quando estava no poder há 17 meses. Nesse mesmo dia, foi preso pelo crime de rebelião e formação de quadrilha por tentar fechar o Congresso, intervir no poder público e governar por decreto. A manobra não teve respaldo institucional.