A comissão afirmou que as Igrejas têm que assumir uma responsabilidade mais clara em relação com esses casos (David Gray/Reuters)
EFE
Publicado em 27 de junho de 2018 às 12h19.
Berlim - Nas Igrejas católica e evangélicas alemãs ainda existem estruturas que fazem com que seja possível a existência de abusos sexuais contra menores e a proteção dos que os cometem, segundo o relatório de uma comissão independente publicado nesta quarta-feira em Berlim.
Os membros da "Comissão de Estudo de Abusos Sexuais a Menores", uma entidade criada em 2016 por decisão do Bundestag (Câmara Baixa do Parlamento alemão), asseguram que em ambas Igrejas "existem ainda estruturas que fazem possível os abusos sexuais de menores e a proteção dos autores".
Por isso, agregam, "são impedidos o esclarecimento, estudo e prevenção" desses casos, agregaram os autores do relatório.
A presidente da Comissão, Sabine Andresen, lembrou a "responsabilidade especial" que ambas Igrejas têm em relação com esses crimes e a prevenção e que não fizeram "o suficiente". "As duas Igrejas não fizeram tanto como deveriam", acrescentou.
A Comissão manteve recentemente contatos com vítimas desses abusos e considera que, após escutá-los, as Igrejas têm que assumir uma "responsabilidade mais clara do que até agora fizeram" em relação com esses casos, segundo um comunicado que emitiu hoje.
Os autores do relatório criticam, além disso, os procedimentos "longos e pouco transparentes" que iniciaram para tratar com os casos de abusos sexuais a menores.
E consideram "importante para os afetados que haja um claro reconhecimento das culpas das Igrejas, assim como um debate permanente sobre as condições estruturais que permitiram os abusos".
Outro membro da Comissão, Heiner Keupp, lembrou o "enorme poder e influência" que as Igrejas têm sobre crianças e jovens e chamou seus responsáveis a fazer uma reflexão sobre a "dimensão ética" associada aos seus cargos.
Keupp acrescentou que a fim de acabar com a proteção concedida aos autores de abusos a menores, se deve deixar de dar primazia a certas normas da Igreja, como o segredo de confissão, sobre os direitos das crianças.
Por isso, pede um "exame crítico" do segredo de confissão para evitar que os autores dos abusos encontrem nele a proteção institucional que impede que esses casos sejam revelados.
Para o relatório publicado hoje, os membros da Comissão examinaram 22 casos relacionados com a Igreja evangélica e outros 43 vinculados à Igreja católica sobre a base de entrevistas confidenciais e respostas por escrito dos afetados.