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Caso Cachoeira chega a Santa Catarina

Investigações da PF mostram que o contraventor negociava uma obra com integrante do primeiro escalão da equipe do governador Raimundo Colombo

As investigações mostram que o senador Demóstenes Torres também atuou agendando audiências de um aliado de Cachoeira com o integrante do governo de SC (José Cruz/ABr)

As investigações mostram que o senador Demóstenes Torres também atuou agendando audiências de um aliado de Cachoeira com o integrante do governo de SC (José Cruz/ABr)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2012 às 07h57.

Brasília - Investigações da Polícia Federal mostram que a organização de Carlinhos Cachoeira tinha conexões no governo de Santa Catarina e negociava uma obra com integrante do primeiro escalão da equipe do governador Raimundo Colombo (PSD, ex-DEM). O secretário de Comunicação, Ênio Branco, aparece nas escutas como elo entre o Estado e o grupo do contraventor, que recorreu a ele com o objetivo de obter contrato para a construção de uma rodoviária em Florianópolis (SC).

O inquérito da Operação Monte Carlo revela que houve negociações entre Branco e emissários de Cachoeira em várias ocasiões, ao longo de 2011. Além de ter participado de reuniões de interesse do contraventor, intermediadas pelo senador Demóstenes Torres, o secretário teria acertado com a organização uma parceria público-privada (PPP) para erguer o terminal.

À época, Branco comandava a SC Participações (SCPar), estatal catarinense que cuida justamente dessas parcerias. Segundo as gravações, Cachoeira trabalhava para que a Artec, construtora sediada no Distrito Federal e responsável pela rodoviária de Brasília, obtivesse o contrato. A empresa diz ter sido sondada pela Delta Construções, ligada a Cachoeira, para a reforma de um terminal no Estado.

Num grampo de 8 de agosto do ano passado, às 15h04, Cachoeira diz a um de seus aliados, o ex-vereador de Goiânia Wladimir Garcez, que o acerto para a obra já estaria costurado com Branco: "É pra procurar urgentemente o Ênio, tá? O Ênio quer fazer um negócio lá, a rodoviária. Já falou com o governador, o governador já liberou e o trem tá com ele", explicou. "Nossa Senhora, beleza! Vou ligar pra ele aqui, tá?", comemora Garcez.

As investigações mostram que Demóstenes também atuou agendando audiências de um aliado de Cachoeira com o então presidente da SCPar. Em 7 de julho, o contraventor telefona para o senador e pede que marque a reunião para o argentino Roberto Coppola, apontado pela PF como empresário do ramo de caça-níqueis e seu parceiro na abertura de empresas e sites de jogos. O senador atende prontamente e retorna, dando o endereço da estatal, no Centro Administrativo de Santa Catarina.

Em nota, Branco disse que conhece Demóstenes desde 2007, mas que, com Cachoeira, teve "raros contatos", "especialmente em encontros de natureza social", não tendo feito negócios com ele. Explicou que, como presidente da SCPar, recebeu pleitos do senador e várias outras pessoas físicas e jurídicas sobre investimentos no Estado. O parlamentar, segundo ele, solicitou que recebesse diretores de empresa interessada na construção de uma nova rodoviária.

A Artec informou não ter contratos com o governo de Santa Catarina e que nunca acionou Cachoeira ou Demóstenes para que negociasse em seu nome. Mas informou que foi sondada pela Delta Construções para a reforma da cobertura de uma rodoviária no Estado. "Não houve negociação por não haver interesse nesse tipo de obra", acrescentou. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo. 

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