Segundo a reportagem da Al Jazeera, os túneis foram construídos sob uma mansão que pertencia ao ditador líbio (Reprodução/Al Jazeera)
Da Redação
Publicado em 19 de junho de 2013 às 09h20.
Trípoli - Um conjunto de casas de luxo no centro de Trípoli cujo chão estava repleto de objetos revistados e fotos privadas de Muammar Kadafi é o mais recente vestígio de seu governo a ser saqueado por multidões enfurecidas.
O complexo na luxuosa área de Gargur foi bombardeado pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o que aliados de Kadafi afirmaram ser uma tentativa de matar seu líder.
Agora os portões de ferro do local estão quebrados e abertos. A casa, que já teve o nível máximo de proteção, fora abandonada e saqueada quando a Reuters a visitou neste sábado. Retratos emoldurados de Kadafi, quebrados e manchados, se espalhavam pelo gramado em frente ao prédio principal.
Um veículo blindado cravejado de buracos de balas estava estacionado no portão. No interior, móveis quebrados enchiam quartos luxuosos e corredores com o teto em forma de arco. Cadeiras e roupas masculinas flutuavam em uma enorme piscina no interior da casa.
Moradores locais disseram que multidões invadiram o complexo após Trípoli cair nas mãos dos rebeldes nesta semana. "Algumas pessoas vieram aqui e fizeram isso", disse o morador de Gargur Moussa Zintani, 37 anos, que trabalha no mercado imobiliário. "Foi uma explosão enorme. Estilhaços voaram por toda parte", disse a respeito do ataque da Otan.
Havia outro prédio próximo em ruínas após o ataque que consistia em uma mistura de concreto e fios. O governo levou jornalistas ao local no fim de abril, afirmando que Kadafi estava dentro da casa no momento, mas sobreviveu. Seu filho mais novo e três netos foram mortos, disseram autoridades.
Líbia: da guerra entre Kadafi e rebeldes à batalha por Trípoli
Motivados pelos protestos que derrubaram os longevos presidentes da Tunísia e do Egito, os líbios começaram a sair às ruas das principais cidades do país em fevereiro para contestar o coronel Muammar Kadafi, no comando desde a revolução de 1969.
Rapidamente, no entanto, os protestos evoluíram para uma guerra civil que cindiu a Líbia em batalhas pelo controle de cidades estratégicas de leste a oeste.
A violência dos confrontos gerou reação do Conselho de Segurança da ONU, que, após uma série de medidas simbólicas, aprovou uma polêmica intervenção internacional, atualmente liderada pela Otan, em nome da proteção dos civis. No dia 20 de julho, após quase sete meses de combates, bombardeios, avanços e recuos, os rebeldes iniciaram a tomada de Trípoli, colocando Kadafi, seu governo e sua era em xeque.