Após debate de dois dias que confirmou profundas divisões na Câmara Alta do Parlamento, apenas 148 membros se pronunciaram a favor da emenda para impedir segunda leitura, enquanto 390 votaram a favor de levar o processo adiante (Oli Scarff/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 4 de junho de 2013 às 20h30.
A Câmara dos Lordes britânica se pronunciou nesta terça-feira contra uma emenda que poderia enterrar o projeto de lei promovido pelo governo para legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Grã-Bretanha.
Após um debate de dois dias que confirmou as profundas divisões na Câmara Alta do Parlamento, apenas 148 membros se pronunciaram a favor da emenda para impedir uma segunda leitura, enquanto 390 votaram a favor de levar o processo adiante.
O texto já foi aprovado em 21 de maio, na Câmara dos Comuns, depois de um acordo entre o governo de coalizão do conservador David Cameron e a oposição trabalhista para compensar uma tentativa dos deputados da ala mais dura dos "Tories" de afundar o projeto.
Os críticos do casamento homossexual argumentam que sua legalização destruirá o conceito tradicional do matrimônio. Já seus defensores insistem na necessidade da igualdade.
O resultado da votação desta terça-feira foi recebido com entusiasmo do lado de fora do Parlamento por um grupo de manifestantes favoráveis à iniciativa.
"Essa é uma vitória para o amor, o casamento e a igualdade", comemorou Peter Thatchell, um conhecido defensor da causa gay.
O projeto de lei propõe a legalização do casamento civil entre pessoas do mesmo sexo na Inglaterra e no País de Gales. Também permitirá a união no religioso, com a única exceção sendo para a Igreja Anglicana oficial.
O primaz da Igreja da Inglaterra, o arcebispo de Canterbury Justin Welby, que ocupa uma cadeira na Câmara, afirmou hoje durante o debate que o casamento entre pessoas do mesmo sexo "abolirá" a instituição atual e a substituirá por outra mais fraca que "não será nem igualitária, nem eficaz".
O debate continua agora na Câmara dos Lordes. Se alguma emenda for apresentada, o texto voltará para a Câmara dos Comuns. A previsão é que, se aprovado, os primeiros casamentos poderão começar a ser realizados em meados de 2014.
Até agora, 14 países legalizaram o casamento entre pessoas do mesmo sexo, entre eles Argentina, Espanha e Uruguai.