Donald Trump: ele já informou que Melania e Barron, o filho de dez anos do casal, permanecerão em Nova York pelo menos no futuro imediato (Shannon Stapleton/File Photo/Reuters)
AFP
Publicado em 18 de janeiro de 2017 às 14h57.
A Casa Branca, a tradicional residência presidencial e sede do Executivo americano, passará por mudanças profundas com a chegada do novo presidente, o republicano Donald Trump, ainda que estejam descartadas reformas para ganhar teto e paredes douradas.
Franklin D. Roosevelt tinha seu canto preferido para transmitir suas mensagens às famílias americanas entre 1933 e 1944; John Kennedy utilizou como poucos o então novo poder da televisão, e Barack Obama enfrentou poucos problemas que ele não pudesse resolver com um bom discurso.
Donald Trump gosta do Twitter. E gosta muito (embora o negue). É pouco provável que isto mude quando ele chegar à Casa Branca.
Mesmo seus assistentes mais próximos admitem que não sabem com antecedência quando seu chefe vai postar um tuíte.
Sendo assim, a partir da próxima semana, estará dentro da normalidade esperar mensagens desde muito cedo pela manhã.
"Não sei se é a mais fabulosa casa dos Estados Unidos ou a joia da coroa do nosso sistema carcerário", disse certa vez o presidente Bill Clinton sobre como é viver na Casa Branca.
Obviamente, a Presidência tem seus privilégios, como abrir caminho em meio ao tráfego a bordo da "Besta" (The Beast, o carro presidencial) ou o Air Force One decolar minutos após o chefe de Estado subir a bordo.
Mas cada caminhada de um presidente moderno exige uma enorme operação militar que requer uma legião de agentes do Serviço Secreto, médicos, franco-atiradores, especialistas antibombas, contra radiação e outros.
Devido à sua experiência e estilo de vida, é possível que Trump esteja mais bem preparado do que muitos de seus antecessores a este estilo de vida, mas mesmo assim haverá momentos em que vai desejar sair da bolha.
Trump poderá escolher usar seu próprio apartamento em Nova York, mas com aviões que passam constantemente nas proximidades do prédio e sem um perímetro de segurança, esta possibilidade representa um pesadelo para o Serviço Secreto. Assessores apontam que o refúgio mais provável para Trump será seu luxuoso clube Mar-a-Lago, em Palm Beach, Flórida.
A esposa do presidente Jimmy Carter, Rosalynn, participava de reuniões de gabinete. Eleanor Roosevelt oferecia coletivas de imprensa. Hillary Clinton tentou conduzir uma reforma do sistema de saúde da famosa "West Wing", a ala Oeste da Casa Branca. E Michelle Obama se tornou um modelo para as novas gerações.
Melania Trump não parece inclinada a ter uma presença política como primeira-dama, a ponto de que nem mesmo promete uma presença permanente na Casa Branca.
Trump já informou que Melania e Barron, o filho de dez anos do casal, permanecerão em Nova York pelo menos no futuro imediato por causa da escola do menino.
Mas com Ivanka Trump, a história pode ser diferente. A empresária de 35 anos, assim como seu marido, Jared Kushner, parecem destinados a ter uma presença política nos escritórios da Casa Branca, tanto na Ala Leste quanto Oeste.
Ivanka tem sido presença constante ao lado do pai, e Kushner foi formalmente nomeado "assessor especial do presidente". Sendo assim, trabalhará junto com o chefe de gabinete, Reince Priebus, e o assessor de estratégia Stephen Bannon.
Praticamente não há antecedentes de filhos de presidentes com um papel formal na Casa Branca, em parte devido a leis sobre nepotismo. Na verdade, o último caso conhecido é o de John Quincy Adams, filho do presidente John Adams (segundo presidente da história do país, 1797-1801). John Quincy Adams serviu como emissário do pai na Prússia, antes de ele mesmo tornar-se presidente, em 1825.
Obama não tem uma relação negativa com a imprensa e tolera sua atenção mutável. Já Trump tem uma relação de amor e ódio com a mídia, à qual corteja com frequência, mas também critica por considerar que tem preconceitos contra ele.
As críticas de Trump contra a imprensa têm sido adotadas com entusiasmo por seus seguidores, para quem a "mídia dominante" é pouco mais que o braço ativo da "elite" progressista.
A equipe de Trump antecipou que dificilmente o tom do magnata com a imprensa vá mudar quando ele chegar ao Salão Oval, e que em qualquer cenário de mudança nada será igual para a imprensa. Seus assistentes, inclusive, sugeriram que as coletivas diárias do porta-voz fiquem no passado e até que a equipe de jornalistas poderá ser desalojada dos escritórios que ocupa atualmente.