Donald Trump e Volodymyr Zelensky durante reunião na Casa Branca (Julia Nikhinson/Sipa/Bloomberg/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 28 de fevereiro de 2025 às 19h34.
A Casa Branca publicou uma nota em seu site nesta sexta-feira, 28, defendendo as posições do presidente Donald Trump e de seu vice, J.D. Vance, após uma discussão acalorada com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, no Salão Oval. O encontro, que antecedia uma reunião crucial para o futuro da guerra na Ucrânia, terminou sem acordo.
“O presidente Donald J. Trump e o vice-presidente JD Vance sempre defenderão os interesses do povo americano e daqueles que respeitam a posição dos Estados Unidos no mundo — e nunca permitirão que o povo americano seja enganado”, afirmou o comunicado oficial.
Mais cedo, Trump elevou o tom com Zelensky, acusando o governo de Kiev de “jogar com a Terceira Guerra Mundial” e afirmando que o líder ucraniano deveria “ser grato” pela ajuda americana. Após a altercação, um acordo sobre o acesso dos EUA aos recursos minerais da Ucrânia não foi assinado. Zelensky foi praticamente expulso do Salão Oval, e Trump declarou que ele poderá voltar à Casa Branca “quando estiver pronto para a paz”.
A nota oficial foi estruturada em tópicos, alinhada aos argumentos de Trump durante o embate.
“Deixe-me dizer a vocês, vocês não dão as cartas. Conosco, vocês têm as cartas, mas sem nós, vocês não têm nenhuma carta”, disse Trump a Zelensky diante de representantes de ambos os governos e de membros da imprensa americana.
A Casa Branca justificou essa afirmação com base em uma pesquisa da Gallup, de novembro de 2023, segundo a qual 52% dos ucranianos querem um fim rápido para a guerra e acreditam que a Ucrânia “deveria estar aberta a ceder algum território em troca da paz”.
Além disso, o governo americano argumentou que o exército ucraniano enfrenta um aumento nas deserções, à medida que “soldados mal treinados e exaustos [desaparecem]”, agravando a crise nas Forças Armadas da Ucrânia. A nota também mencionou dificuldades de recrutamento e “prisões de oficiais de combate respeitados e populares”, segundo um assessor próximo a Zelensky, que falou à revista Time sob anonimato. No entanto, essa entrevista ocorreu em novembro de 2023.
Os EUA forneceram bilhões de dólares em ajuda à Ucrânia nos últimos três anos e se consolidaram como o principal apoiador do país na guerra. A suspensão desses pacotes pelo governo Trump se tornou um dos temas centrais dos debates entre líderes europeus, que buscam alternativas para o suporte de Washington.
“Vocês estão apostando na Terceira Guerra Mundial”, advertiu Trump.
Segundo a Casa Branca, o próprio Zelensky reconheceu que a situação na Ucrânia poderia levar a um conflito global. O líder ucraniano teria afirmado que “uma terceira guerra mundial poderia começar na Ucrânia, continuar em Israel, seguir para a Ásia e explodir em outro lugar”.
Trump também comparou sua política com a do ex-presidente Barack Obama, ressaltando que, em seu primeiro mandato, enviou mísseis antitanque Javelin à Ucrânia. “Eu lhe dei os dardos para derrubar todos esses tanques. Obama lhe deu lençóis”, debochou.
A Casa Branca reforçou esse ponto, lembrando que Obama forneceu apenas assistência não letal à Ucrânia, incluindo cobertores. No entanto, segundo levantamento da CNN, o governo Obama destinou mais de US$ 100 milhões em assistência de segurança e equipamentos militares ao país.
Outro ponto levantado foi uma suposta interferência política do presidente ucraniano. “Você foi à Pensilvânia e fez campanha para a oposição em outubro”, afirmou o vice-presidente JD Vance.
De acordo com a Casa Branca, Zelensky teria viajado para a Pensilvânia em um avião da Força Aérea dos EUA para apoiar candidatos democratas.
Entretanto, registros mostram que o presidente da Ucrânia estava nos EUA para participar da Assembleia Geral da ONU. Durante a viagem, ele visitou uma fábrica de munição a convite do então governador da Pensilvânia, Josh Shapiro, um democrata. Na ocasião, Zelensky criticou JD Vance em uma entrevista.