Stéphanne Charbonnier, um dos quatro cartunistas do Charlie Hebdo mortos no trágico ataque à sede do jornal francês que aconteceu nesta terça-feira em Paris (Getty Images)
Gabriela Ruic
Publicado em 8 de janeiro de 2015 às 10h46.
São Paulo – Stéphanne Charbonnier, um dos quatro cartunistas do Charlie Hebdo mortos no trágico ataque terrorista à sede do jornal francês, constava em uma espécie de lista de “mais procurados” divulgada pelo grupo Al Qaeda. A informação, publicada pelo site The Wire em 2013, veio à tona nesta quarta-feira.
Segundo o The Telegraph, Charb, apelido de Charbonnier, contava com proteção policial há anos, pois era alvo de ameaças desde os idos de 2007, quando o Charlie Hebdo republicou as charges de Maomé produzidas por um cartunista dinamarquês. Em 2011, o jornal já havia sido alvo de outro atentado, mas que não deixou vítimas.
Lista
A lista de procurados foi publicada pelo Al Qaeda em 2013 numa revista chamada Inspire e que é usada pelo grupo como uma ferramenta de propaganda de suas atividades. Charb, contudo, não era o único a ser acusado pelos extremistas de ter cometido crimes contra o Islã.
Entre os nomes que constavam na relação, revelou a reportagem do The Wire da época, estavam ainda Ayaan Hirsi Ali, uma ativista somali que luta contra a mutilação genital feminina, uma prática comum entre algumas tribos em países muçulmanos, apesar de proibida em muitos deles.
Além de Ayann, o escritor britânico Salman Rushdie e o cartunista dinamarquês Kurt Westergaard também constavam na lista. Westergaard fez parte da equipe de uma publicação da Dinamarca que fez as charges de Maomé mais tarde foram reproduzidas pelo Charlie Hebdo.
Repercussão
O ato terrorista desta quarta, o segundo direcionado ao jornal satírico, comoveu a comunidade internacional e chocou os franceses. O ex-presidente da França Nicolas Sarkozy chamou o episódio de “selvagem” e disse que apoiará medidas fortes contra o terrorismo.
O presidente Barack Obama expressou solidariedade aos familiares das vítimas dos atiradores. Já Dilma Rousseff classificou o ato como “terrorista e sangrento” e disse ser “um inaceitável ataque a um valor fundamental das sociedades democráticas – a liberdade de imprensa.”