Ministra da Integração da Itália, Cecile Kyenge: "infelizmente, a minha simples existência parece hoje ser um desafio aos piores estereótipos e a todos os intolerantes do nosso país" (Tony Gentile/Reuters)
Da Redação
Publicado em 15 de janeiro de 2014 às 13h21.
Roma - Uma carta endereçada à ministra da Integração da Itália, Cecile Kyenge, que continha um pó suspeito, teria sido entregue na manhã desta quarta-feira (15) no Palácio Chigi, sede do governo do país.
No entanto, tudo não passou de um alarme falso.
A substância presente na correspondência, que foi enviada da cidade de Palermo, era na verdade bicarbonato.
No entanto, ainda assim, a praça que fica na frente do edifício foi blindada por precaução.
Ontem (15), a ministra negra e de origem congolesa foi alvo de mais um ataque do partido de extrema-direita Liga Norte. Um jornal ligado à legenda chamado La Padania colocou em sua edição impressa todos os compromissos públicos da política, com a frase "Cecile Kyenge estará aqui".
Segundo o Partido Democrático (PD), do premier Enrico Letta, tal atitude é uma "intimidação gravíssima" contra ela. "Quem é ameaçada é a democracia", afirmou também a ministra.
Nesta quarta, o periódico voltou a avançar contra Kyenge e sua proposta de revogar a lei que qualifica a imigração clandestina como crime, assunto que vem provocando bastante polêmica na Itália, principalmente por conta dos recentes naufrágios de embarcações ilegais no mar Mediterrâneo.
"Basta com a negritude da ministra Kyenge", escreveu com destaque a publicação.
"Sou uma mulher negra, estudei e sou ministra. Infelizmente, a minha simples existência parece hoje ser um desafio aos piores estereótipos e a todos os intolerantes do nosso país. A política deve se levantar para condenar esses ataques, ou o racismo pode se tornar uma arma perigosa", disse a ministra em uma entrevista ao jornal La Repubblica.