Carstens: se eleito, "tratará de representar não só a visão dos emergentes, mas também das economias avançadas" (Win McNamee/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de junho de 2011 às 10h55.
Tóquio - O governador do Banco do México, Agustín Carstens, defendeu nesta sexta-feira em Tóquio sua candidatura ao posto de diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI) e destacou sua experiência "em gestão de crise", que, segundo ele, pode ser útil para resolver os problemas que a Europa atravessa.
Em entrevista coletiva na capital japonesa, onde se encontra para obter apoios para sua candidatura, Carstens ressaltou a necessidade de o novo responsável do organismo ver os problemas financeiros da Europa "de uma base mais objetiva".
De acordo com Carstens, que concorre com a ministra das Finanças francesa, Christine Lagarde, para solucionar a situação da Europa é importante que o FMI conte com alguém que "não tenha se envolvido na elaboração de políticas que não foram as adequadas".
Neste sentido, destacou sua "capacidade para emoldurar problemas e resolvê-los" e ressaltou que isso pode supor "uma importante contribuição" na hora de enfrentar os desafios europeus.
Além disso, criticou o fato de a União Europeia (UE) ter dado seu apoio explícito à ministra francesa, já que, segundo ele, isso significa que "não se acolheu totalmente o espírito dos compromissos" de uma eleição transparente e baseada em méritos adotada no contexto do Grupo dos Vinte (G20, formado pelos países mais ricos do mundo e os principais emergentes).
"Isso representa um desafio para mim", afirmou Carstens, de 53 anos, que foi subdiretor-gerente do FMI entre 2003 e 2006.
Além disso, o governador do Banco do México reiterou que a Europa é "a região mais representada" na instituição e assinalou que, se for escolhido para ocupar o cargo de diretor-gerente, trabalhará para concluir as reformas "em termos de voz e representação".
Ele também citou questões pendentes como a melhoria da vigilância dos mercados financeiros, enquanto definiu como um "contínuo desafio" para as autoridades "seguir e entender" o desenvolvimento dos mercados.
Por outro lado, lembrou que o Japão é o segundo maior contribuinte do FMI e quis deixar claro que, se for o escolhido para ocupar o cargo, "tratará de representar não só a visão dos emergentes, mas também das economias avançadas".
Por enquanto, Carstens conta com o apoio de alguns países latino-americanos, mas não conseguiu o voto de confiança de países como Brasil, Argentina, Índia e China.